quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Como será o consumo nos próximos anos?

José António Rousseau, presidente do Fórum do Consumo

O consumo é, e continuará a ser sempre, a atividade económica mais popular do
mundo. Em 2008, Portugal era um dos países da União Europeia que mais consumia
em percentagem do seu PIB. O valor do consumo final - consumo privado mais
consumo público - em percentagem do PIB era de 87,9% enquanto a média europeia
era somente de 78,3% do PIB. Só a Grécia e o Chipre possuíam níveis de consumos
mais elevados do que os de Portugal.

Estes números explicam bem a evolução e a modernização da sociedade portuguesa.
Pela primeira vez, em décadas, as famílias portuguesas tiveram oportunidade de,
através do consumo de bens e serviços a que antes não tinham acesso, melhorar
as suas condições de vida. O consumo democratizou-se e vulgarizou-se. Para tal,
muito contribuiu o fácil acesso ao crédito, de uma forma simples e fácil como os
portugueses nunca antes tinham conhecido.

Porém, desde o início da crise, em Setembro de 2008, a concessão de empréstimos
para consumo pelas instituições de crédito especializado caiu para quase metade.
Esta redução do crédito ao consumo contribuiu também para uma forte redução
do consumo e, consequentemente, da procura, logo, das vendas de produtores e
distribuidores. Esta brutal quebra do consumo privado encerra novos paradigmas:
A necessidade de repensar modelos de negócio, a extensão da atual oferta e da
capacidade instalada.

Quase todos afirmam que será consumindo menos. Tal caminho irá implicar e exigir
um grande debate nacional técnico, não político, sobre o consumo. Este debate
deverá envolver empresas da produção, da distribuição, dos serviços,
consumidores,
profissionais, meios de informação e universidades. Só assim será
possível conciliar
necessidade e encontrar ferramentas que permitam estimular a economia e o
consumo.

Com menos consumo teremos menos marcas, mais encerramentos de lojas,
grave ausência de estímulos para a novidade, forte redução da capacidade de
investimento. Por tudo isto temos a imperativa obrigação de fazer
alguma coisa. Mas
o quê? O Fórum do Consumo pretende ajudar nessa partilha e colaborar, enquanto
plataforma de diálogo, e contribuir para a criação de um clima de
confiança entre
todos os atores. Algo indispensável para se poder trabalhar em conjunto de forma
verdadeira, com vista a criar, implementar e antecipar soluções. Assim
o Fórum do
Consumo tem por missão:

• Agregar interesses, dirigindo-se aos seus associados e aos mercados, nos
quais procurará criar o necessário envolvimento para que todos, sem
exceção, se sintam parte integrante do projeto;
• Constituir um espaço neutral e aberto à livre troca de opinião, ao
debate construtivo, ao estudo dos fenómenos das relações comerciais
e de consumo, celebradas entre consumidores, profissionais, meios de
informação, universidades e empresas da produção, da distribuição e dos

serviços;
• Contribuir para a inovação dos processos, das metodologias, dos projetos,
de modo a conseguir energizar a sociedade portuguesa e levá-la a acreditar
que tudo é possível e que o pensamento, a ação e a atitude positiva são
imprescindíveis;

É também incompreensível que os meios universitários continuem a dedicar tão
pouco do seu tempo ao estudo e ao ensino da temática do consumo, produzindo
pouco conteúdos científicos sobre um fenómeno transversal e omnipresente.

O envolvimento de diferentes atores é uma premissa importante, que
ajudará a criar
sinergia, a debater e aprofundar o conhecimento sobre o fenómeno do Consumo.
Só assim, acreditamos, será possível aprofundar o conhecimento e contribuir
para a evolução e crescimento sustentado deste fenómeno que nos acompanha
diariamente.

José António Rousseau, presidente do Fórum do Consumo
www.forumconsumo.com

fonte: gci

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