quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Desflorestação da Amazónia cai para novo mínimo histórico

RICARDO GARCIA 28/11/2012 - 10:36
O ritmo de desflorestação da Amazónia caiu 76% desde 2005. Área
destruída no último ano equivale à do pior ano de incêndios florestais
em Portugal.


Área da Amazónia destruída em 2011/12 equivale à do pior ano de
incêndios em Portugal BRUNO DOMINGOS/REUTERS

A desflorestação da Amazónia baixou para o seu menor nível desde 1988,
quando começou a ser feita uma monitorização regular por satélites. A
superfície destruída entre Agosto de 2011 e Julho de 2012 foi de 4656
quilómetros quadrados, o que equivale aproximadamente à área ardida em
Portugal em 2003, o pior ano de incêndios florestais no país.

Houve uma redução de 27% em relação ao ano anterior, em que o abate de
árvores tinha também chegado a um recorde mínimo, 6418 quilómetros
quadrados.

Os dados oficiais foram divulgados terça-feira pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), a agência brasileira que acompanha a
evolução da desflorestação da Amazónia a partir de imagens de
satélites. O INPE possui dois sistemas de monitorização: o DETER, que
dá uma imagem mais imediata ao longo do ano, de modo a detectar sinais
de alerta, e o PRODES, que faz um retrato mais detalhado no final de
cada época. Os números agora divulgados são os do PRODES.

Os resultados surgem num momento em que a comunidade internacional
discute novos passos a dar na luta contra o aquecimento global, na
conferência climática anual das Nações Unidas, em Doha, Qatar. "Ouso
dizer que esta é a única boa notícia ambiental que o planeta teve
neste ano do ponto de vista de mudanças do clima", disse a ministra
brasileira do Ambiente, Izabella Teixeira, ao apresentar os resultados
em Brasília.

Há três anos, o Brasil assumiu o compromisso voluntário de reduzir em
36% o aumento das suas emissões de CO2 até 2020, em comparação o que
seria expectável. Uma grande fatia deste esforço seria, nos planos do
Governo, atingida com uma descida de 80% do nível de desflorestação,
em relação a 2005. Neste momento, já houve uma redução de 76%.

"Podemos mostrar em Doha que estamos a fazer a nossa parte para
reduzir emissões", continuou Izabella Teixeira. "O mundo deve
encontrar urgentemente uma solução para a questão das alterações
climáticas", acrescentou.


Cultura da soja

Nem tudo são, porém, boas notícias. Apesar da diminuição da área
desflorestada em geral, houve um aumento em três dos nove estados
brasileiros da chamada Amazónia legal: Acre (10% ), Amazonas (29%) e
Tocantins (33%). Já nos estados onde a floresta está a desaparecer em
maior superfície, houve grandes descidas. No Mato Grosso e no Pará,
que representam metade da área desflorestada em 2011/12 e dois terços
desde 1988, o ritmo abrandou 31% e 44% respectivamente. É sobretudo
nestes estados, e também em Rondónia, que a cultura da soja mais tem
avançado sobre a floresta nas últimas duas décadas.

O ritmo de destruição da Amazónia tem vindo a cair desde 2004, quando
desapareceram quase 28 mil quilómetros quadrados da mancha florestal.

Dados mais recentes, já do terceiro trimestre de 2012, lançaram a
preocupação de que esteja a haver uma nova subida. Entre Agosto e
Outubro de 2012, as árvores desapareceram de 1152 quilómetros
quadrados, um aumento de 125% em relação ao mesmo período de 2011,
segundo a organização não-governamental Imazon, que tem o seu próprio
sistema de monitorização.

http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/desflorestacao-da-amazonia-cai-para-novo-minimo-historico-1575276

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