domingo, 20 de janeiro de 2013

Agricultura na moda: mas produzir o quê?

É tudo uma questão e estratégia e de escolher um produto com foco na exportação

Por: Vanessa Cruz | 2013-01-18 13:01

«Essa é a pergunta clássica e classicamente errada. Não há
produtos-chave na agricultura. Há comportamentos e estratégias-chave
nos vários produtos. Quando vemos jovens a produzir mirtilo e ervas
aromáticas, quem sou eu para dizer que não é um produto-chave se
exportam 98% da produção? Estão a ajudar o país».

O secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque,
acredita que o setor «tem uma oportunidade enorme para ajudar o país.
Qualquer euro a mais que produza, que importe menos, exporte mais ou
substitua no mercado nacional, no fundo está a ajudar a economia do
país». Isto porque a agricultura tem um défice da balança comercial de
3,5 mil milhões de euros, assinalou, em entrevista à tvi24.pt.

E se existem setores mais clássicos, como o leite, os bovinos, o
milho, o vinho ou o azeite, «que têm demonstrado um comportamento
muito bom e só por isso se tornaram estratégicos», para o Governo
«todas as abordagens são acertadas».

O que importa é ter estratégia e conhecer o mercado

O vinho, por exemplo, deparou-se em 2012 com uma redução de 5% do
mercado interno, mas que foi compensada pelo aumento das exportações
de 5%, com um retorno de maior valor. «Isso é um exemplo de um setor
que seguiu uma estratégia e está no caminho certo».

O azeite, outro produto estrela, «está a aumentar a autossuficiência
em valor, quase a chegar à autossuficiência a nível da produção e
articulação». No que toca ao milho, «Portugal está como campeão em
termos de produtividades históricas. Tem havido grande investimento na
modernização».

Um outro exemplo, menos óbvio, é o do kiwi. «Toda a produção passa
através de quatro organizações de produtores e é bom haver grande
concentração da oferta. Estamos a consumir todo o kiwi que produzimos
e ainda exportamos».

Daí que o Governo se recuse a dizer que há um setor melhor do que o
outro. «Isso foi feito no passado, mas a meu ver, foi completamente
errado. Todos os produtos queriam ser considerados estratégicos e ter
apoios maiores».

O que é preciso é «conseguir mais valor na matéria produzida para
conseguir melhor preço. Temos de ter estratégias de exportação e,
fundamental, concentração da oferta. Prefiro um bom projeto ou ação
concertada na carne do que uma má no vinho».

A ideia é «conseguir valor, diferenciação».«Se vendermos leite, queijo
e iogurtes já estamos a conseguir mais valor. Temos de conseguir
escala e isso consegue-se com a concentração da oferta e com
estratégias concertadas que é o trabalho através da fileira - entre a
franja da produção, da transformação e da distribuição», defende o
secretário de Estado.

E é por isso que o Governo dá maior majoração de apoio aos produtores
que estão integrados em organizações de produtores. «Foi o que fizemos
no ano passado quando abrimos a medida de modernização de produções
agrícolas no Proder - uma majoração 5% maior a agricultores que
pertençam a organizações de produtores».

José Diogo Albuquerque admite que «quando estamos a falar de montante
baixo não conta muito, mas quando estamos a falar em investimentos de
100.000 euros, 5 mil euros são importantes. Isto é só um primeiro
passo. Vamos caminhar para valores maiores», promete.

http://www.tvi24.iol.pt/503/economia---emprego/agricultura-emprego-jovens-agricultores-produzir-o-que-governo-jose-diogo-albuquerque/1411177-6374.html

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