sábado, 26 de janeiro de 2013

Estado vende mais de 22 mil campos de futebol em terras

Por Isabel Tavares, publicado em 25 Jan 2013 - 13:27 | Actualizado há
17 horas 24 minutos
A empresa pública que facturou 9 milhões de euros em 2012 e gere 20
mil hectares de terras vai ser privatizada

A Lazer e Floresta – Empresa de Desenvolvimento Agro-Florestal,
Imobiliário, Turístico e Cinegético, gere 20 mil hectares de terra, um
pouco mais que o equivalente a 22 mil estádios de futebol, activos que
em breve deverão passar para as mãos de privados, não através da venda
individualizada de propriedades, mas pela alienação da própria Lazer e
Floresta.

O modelo de privatização ainda não está definido, mas uma das formas
possíveis é a cisão da empresa, já que as propriedades que tem sob a
sua gestão compreendem projectos bastante diversos em termos
estratégicos, mas, e sobretudo, em dimensão.

A empresa detida pela Parpública, como as restantes participações
sociais do Estado, facturou o ano passado cerca de 9 milhões de euros.
O presidente da empresa, Luís Catarino da Costa, disse ao i que 2012
foi um ano dentro "da média e o mercado está a reanimar".

Actualmente a Lazer e Floresta tem para venda 49 propriedades, algumas
com uma dimensão que já pode ser considerada razoável. "Procuramos
vender as que têm maior vocação agrícola e florestal e reservamos as
maiores, que podem ter como objectivo de investimento o
turismo/imobiliário", explicou ao i Catarino da Costa.

É o caso da Herdade de Vale dos Reis, cerca de 3165 hectares em
Alcácer do Sal, onde a Lazer e Floresta está a de- senvolver um
projecto turístico. "A propriedade tem diversas valências – conta
Catarino da Costa –, que vão do montado de sobro ao eucalipto e ao
pinheiro manso, passando pelo arrozal e pela zona de caça turística
(tem uma actividade cinegética forte). O projecto turístico tem vindo
a ser desenvolvido paulatinamente, por agora apenas do ponto de vista
administrativo, até devido às restrições que têm vindo a ser feitas,
mas com segurança, obtendo todas as aprovações de natureza urbanística
que permitirão avançar com o resto num futuro mais ou menos próximo."

No site da empresa (http://www.lazerefloresta.pt/) é possível
consultar as propriedades que já alguma vez estiveram para venda, o
que normalmente acontece cerca de três anos depois de estas terem sido
adquiridas pela Lazer e Floresta. O presidente da companhia garante
que até hoje a empresa nunca vendeu uma propriedade abaixo do valor da
compra, e na verdade até "sempre com uma valorização razoável em
relação ao preço de mercado".

Assim, a Herdade da Revilheira (em conjunto com Espinhais e Picão), em
Reguengos de Monsaraz, é uma das que se mantêm em carteira. Os preços
oferecidos no concurso público lançado o ano passado não eram
satisfatórios e a Lazer e Floresta optou por não vender. "Há padrões
de valores que têm de ser atingidos. As propostas que recebemos
reflectiam uma fase muito depressiva do mercado e não atingiram os
montantes pelos quais o conselho de administração admitia fazer a
venda", afirma Catarino da Costa.

A propriedade já esteve ao abandono, mas o presidente da Lazer e
Floresta diz que actualmente estão a ser desenvolvidas diversas
actividades. "A propriedade tem um guarda e foram feitos contratos de
cedência, um rústico e um de campanha, para exploração e produção de
feno para gado. Existe também um contrato de concessão para a zona de
caça associativa e outro para explorar a pequena vinha que lá existe."

Ou seja, as propriedades que não são vendidas são exploradas nas suas
várias vertentes e vão sendo valorizadas e rentabilizadas até à venda.
Por exemplo, diz o presidente da Lazer e Floresta, "estamos a
desenvolver um estudo para aferir as potencialidades da Herdade da
Revilheira do ponto de vista turístico/imobiliário e temos tido
algumas reuniões com o presidente da Câmara de Reguengos para avaliar
diversas possibilidades".

Desde 2000, o montante das vendas de propriedades e activos biológicos
(eucalipto, madeira de pinho e cortiça) totalizou, no seu conjunto,
"muito perto de 115 milhões de euros. Todas as vendas foram feitas a
preços acima do valor das avaliações", garante Catarino da Costa.

http://www.ionline.pt/dinheiro/estado-vende-mais-22-mil-campos-futebol-terras

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