sexta-feira, 29 de maio de 2015

Acordo sobre Alvarinho entra em vigor a 01 de Agosto

29-05-2015 
 

 
O presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) disse que «a região inteira está satisfeita» com o acordo sobre o alargamento da rotulagem alvarinho, que terá aplicação prática a partir de 01 de agosto.

Manuel Pinheiro recordou, em conferência de imprensa, o que prevê o acordo, obtido em 13 de Janeiro e esta semana publicado em Diário da República, através da portaria 152/2015.

O responsável disse à agência Lusa que apenas a produtora «Quinta de Melgaço, empresa municipal da Câmara de Melgaço» mantém a sua oposição a este acordo, acrescentando que «a região inteira quer pô-lo em prática já nesta vindima"»

O acordo pôs fim a um diferendo entre os produtores d da Sub-Região de Monção e Melgaço, que detinham o exclusivo da rotulagem DOC Alvarinho, e os da restante região, que reclamaram fim desse exclusivo.

«A vantagem deste acordo para região, fundamentalmente, é que nós vamos ganhar muito valor e capacidade exportadora», sustentou Manuel Pinheiro. A sua convicção é que «as grandes empresas mais a sul, de Monção e de Melgaço, vão imediatamente aproveitar para ir lá comprar vinhos», podendo assim fazer lotes com vinhos do resto da região e valorizá-los, «o que até aqui não conseguiam».

«O mercado das uvas vai ser mais livre, porque gradualmente vai ser possível aos produtores de um ponto vender para qualquer outro», acrescentou. A CVRVV estima que, graça a este acordo, «tendo em conta a valorização actual da uvas e vinhos, a região e o país, poder aumentar o valor exportado em cerca de 30 milhões de euros nos próximos quatro anos e mais gradualmente a partir do período transitório».

Com a nova lei, os vinhos de Monção e Melgaço passarão a ter uma designação exclusiva na rotulagem, «a qual será escolhida pelos produtores locais» e protegida.

O acordo, com oito pontos, estabelece que «os vinhos de Monção e Melgaço passam a poder ser lotados com vinhos do resto da região dos vinhos verde», mantendo-se a designação da casta alvarinho.

Um lote tem que ter pelo menos 30 por cento de alvarinho para que esta casta possa ser mencionada no rótulo. «Até aqui bastava 01 por cento», refere a CVRVV. O acordo prevê ainda que «a produção de vinho verde alvarinho a partir de uvas de Monção e Melgaço só é possível dentro de 18 anos».

Foi também acordado que, «dentro de seis anos passa a ser possível produzir alvarinho fora de Monção e Melgaço», o que para a CVRVV «é um período de transição muito alargado».

Acresce que será desenvolvido um plano promocional, em Portugal e no estrangeiro, no valor de três milhões de euros e durante seis anos, para os produtores daquela sub-região. Manuel Pinheiro prevê que a primeira acção de marketing ocorra já em Julho e acrescenta que o acordo começará a ser aplicado já na próxima vindima.

O presidente da CVRVV insistiu que o acordo beneficiará muito Monção e Melgaço. «Têm belíssima uva e belíssima produção, mas não têm músculo comercial, ao contrário da Galiza», afirmou.

Referiu que o vinho verde vem aumentando as suas exportações substancialmente, mas «o alvarinho de Monção e de Melgaço praticamente não se exporta, é menos de 01 por cento das exportações».

«São de Monção e de Melgaço, hoje, os alvarinhos mais baratos de Portugal que se vêm na distribuição. Há alvarinhos daquela sub-região a menos de três euros a garrafa de 75 centilitros», disse Manuel Pinheiro.

Disse ainda que a actual situação viola a legislação comunitária. «A alternativa a não fazer esta abertura era a Comissão Europeia vir obrigar a abrir sem prazos, o que era muito pior». «Não tenho dúvida nenhuma» disso, salientou.

A Fenadegas - Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal, entretanto, felicitou o secretário de Estado da Agricultura, José Diego Albuquerque, pela publicação da portaria 152/2015.

«A forma prudente e progressiva que foi equacionada para remover a exclusividade de utilização da casta alvarinho na rotulagem dos produtos da região dos vinhos verdes permite, na nossa perspectiva, uma mais fácil adaptação às novas regras de mercado que de forma temperada se irão implementando, sem rupturas», considera a Fenadegas.

Fonte: Lusa

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