Retalho
Dírcia Lopes
11/08/11 09:57
As duas marcas de distribuição defendem a aposta no 'made in'
Portugal, mas são das empresas que mais importam.
As principais marcas da grande distribuição, como Continente e Pingo
Doce, têm anunciado uma forte aposta na produção nacional e a
preferência por produtos portugueses nas prateleiras das suas lojas.
Uma aposta que se tem traduzido até na criação de clubes de
fornecedores e produtores nacionais.
No entanto, os dados mais recentes do Instituto Nacional de
Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e
o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores
importadores portugueses. Os dados preliminares, relativos ao período
entre Janeiro e Junho de 2011, colocam o Pingo Doce no sexto lugar do
'ranking' global de empresas importadoras - à sua frente estão apenas
três companhias da área petrolífera (Petrogal, Galp e Repsol) e duas
do sector automóvel (Volkswagen e SIVA). Não muito longe, na oitava
posição do 'ranking' geral, está o Modelo Continente, que salta do 27º
ocupado em Maio deste ano (em 2010 ocupava o 33º lugar). Seguem-se na
mesma lista geral as empresas Dia Portugal, Companhia Portuguesa de
Hipermercados (Auchan) e a Aldi Discount (ver infografia).
Apesar do peso das importações no negócio destas empresas, as duas
principais marcas da grande distribuição - Modelo Continente e Pingo
Doce, que controlam cerca de 50% do mercado - reforçam o apoio que têm
dado à produção nacional e o valor acrescentado que acrescentam à
economia portuguesa. A presidente do Clube de Produtores da Sonae,
Eunice Silva, defende que "o apoio à produção nacional tem sido um dos
grandes objectivos do Continente, privilegiando os fornecedores
nacionais. Ano após ano, tem reforçado o volume de compras a estes
fornecedores, que atinge 670 milhões de euros e inclui 795
fornecedores".
Em 2010 as compras deste Clube, criado em 1998, superaram 123 mil
toneladas, ou seja, cerca de 170 milhões de euros. Eunice Silva
garante ainda que cerca de 70% dos artigos de marca própria "são
produzidos em Portugal. Os produtos de marca própria Continente como o
arroz carolino, as massas alimentícias, o azeite, os ovos e o sal são
100% produzidos em Portugal". Entre os bens perecíveis (frescos)
vendidos nas lojas Modelo Continente, cerca de 88% são de produtores
nacionais, enquanto os legumes representam cerca de 90% da produção
portuguesa e os hortofrutícolas cerca de 70%, esclarece a empresa. A
lista de produtos nacionais é longa e inclui desde o leite (85% do
leite vendido no Continente tem origem portuguesa), às carnes, vinho e
peixe (comprado nas 12 lotas nacionais), aos produtos de higiene e
limpeza, entre outros.
Acordos com produtores
Também a Jerónimo Martins (JM) reafirma a aposta na produção nacional,
já que "qualquer empresa de retalho prefere o fornecimento local: pelo
óbvio estímulo que constitui para o desenvolvimento das regiões, pela
simplificação da logística, pelos ganhos de eficiência e pela
consequente redução de custos que o abastecimento de maior proximidade
proporciona", explica fonte oficial do grupo.
Com base nesta premissa, cerca de 80% das compras totais do Pingo Doce
são feitas junto de cerca de 1.800 fornecedores nacionais. Assim, nos
primeiros seis meses de 2011, mais de 90% dos legumes frescos foram
comprados em Portugal, tal como 65% da fruta fresca, 90% da pêra, 100%
da laranja. De acordo com a mesma fonte, o Pingo Doce trabalha com
mais de 300 fornecedores nacionais de carne.
Na categoria de peixe fresco, "em que é conhecida a insuficiência
estrutural da produção nacional para satisfazer as necessidades dos
consumidores portugueses, mais de 40% das compras são feitas em
Portugal". No que se refere à marca própria Pingo Doce, fonte oficial
do grupo JM realça que "60% dos produtos são comprados a fornecedores
portugueses, na sua maior parte pequenas e médias empresas".
Confrontadas com os números referentes às importações, as duas marcas
assumem a necessidade de comprar no estrangeiro por o País não ser
auto-suficiente em várias categorias e por haver produtos que, pela
sua sazonalidade, não estão sempre disponíveis em Portugal. Ainda
assim, tanto o Pingo Doce como o Modelo Continente garantem que a
estratégia é, sempre que possível, privilegiar as compras nacionais.
http://economico.sapo.pt/noticias/continente-e-pingo-doce-entre-os-dez-maiores-importadores_124468.html
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