05.08.2011
Helena Geraldes
O lince-ibérico, que durante mais de um século tem perdido território,
prepara-se agora para o recuperar. Um novo projecto de 34 milhões de
euros vai concretizar quase dez anos de trabalho em prol do felino
mais ameaçado do mundo e tentar criar novas populações nos matagais
mediterrânicos.
Trazer o lince-ibérico (Lynx pardinus) de volta do limiar da extinção
começou a sério em 2003, quando Espanha se lançou na reprodução da
espécie. Passados oito anos, existem 92 animais em cativeiro cinco
centros, um deles em Silves, no Algarve. A última época de reprodução,
que agora terminou, conseguiu 26 crias.
Simultaneamente, Portugal e Espanha têm preparado os matagais
mediterrânicos para lhes devolver o felino das barbas e dos pêlos em
forma de pincel na ponta das orelhas. Em estado selvagem serão cerca
de 200.
Este mês, o esforço conservacionista ganhou novo fôlego com a
aprovação do projecto Iberlince (de 1 de Setembro de 2011 a 31 de
Agosto de 2016) pela Comissão Europeia. Através do programa Life+,
este projecto orçado em 34 milhões de euros quer aumentar o número das
únicas duas populações reprodutoras do planeta para 70 fêmeas na Serra
Morena e 25 em Doñana. Além disso, o projecto, proposto pela Junta de
Andaluzia, quer estabelecer quatro novas populações de lince, com
cinco fêmeas cada uma, em locais onde a espécie já existiu.
"Este projecto pretende recuperar a distribuição histórica do
lince-ibérico nas regiões da Andaluzia, Castela-La Mancha, Estremadura
espanhola e em Portugal", segundo o resumo do projecto. O objectivo é
identificar áreas com recursos naturais suficientes para a posterior
reintrodução da espécie.
Para Tito Rosa, presidente do Instituto de Conservação da Natureza e
da Biodiversidade (ICNB), este é um momento marcante. "O projecto vem
permitir que os esforços até agora realizados concorram para um único
objectivo", explicou ao PÚBLICO. Além disso, "as acções preparatórias
de reintrodução efectuadas de modo experimental [até agora] serão
consubstanciadas em acções com dimensão suficiente para aumentar a
capacidade de suporte dos territórios" para o lince-ibérico. O
dirigente salientou também que o Iberlince "agrega esforços num
projecto único".
Portugal, através do ICNB, vai responsabilizar-se por acções no valor
de 3,6 milhões de euros a que corresponde uma comparticipação nacional
de 1,4 milhões, adiantou Tito Rosa.
Até ao final de 2012, Portugal comprometeu-se a implementar um
programa detalhado para a reintrodução dos animais na natureza.
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1506304
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