domingo, 1 de janeiro de 2012

África: Sementes de qualidade mudam cenário da agricultura em Moçambique

O ano termina com o fim de um projecto da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação, a FAO, para fortalecer o
sector de sementes em Moçambique.
Para entender a evolução pela qual passou o sector de sementes na
agricultura em Moçambique, precisamos voltar aos anos de 2007 e 2008,
quando a variação no preço dos alimentos atingiu a população,
provocando uma crise na alimentação. Para enfrentar a crise, só havia
uma saída: aumentar a produção de alimentos no país.

Por meio de um financiamento de mais de sete milhões de euros,
provenientes de um fundo para a alimentação da União Europeia, a FAO
trabalhou em parceira com quinze companhias e cerca de mil pequenos
produtores de sementes em sete das onze províncias de Moçambique. Em
dois anos, cerca de 3 mil e quinhentas toneladas de sementes
certificadas de milho, arroz, feijão e girassol foram plantadas.
A Chefe para Emergências na África, Cristina Amaral, explica o que
deve acontecer agora que o programa chega ao fim. Isso porque a partir
de agora os agricultores terão de pagar o preço estabelecido pelo
mercado, diferente do que acontecia antes, quando os produtores
cadastrados recebiam as sementes e outros factores produção de graça.
"O projecto apoiou várias empresas de sementes, e essas empresas vão
continuar a fornecer aos seus mercados. Portanto, a partir de agora
deve haver um efeito multiplicador do projecto mesmo na ausência de um
financiamento directo. A produção de sementes deve tornar-se no futuro
um sector viável do ponto de vista comercial".
Aproximadamente 25 mil agricultores utilizaram os cupons da FAO para
ter acesso às sementes e também a fertilizantes. O resultado foi a
produção de 90 mil toneladas de trigo e arroz. Contudo, do total de
terras cultiváveis em Moçambique, apenas 10% delas são utilizadas. E
na maior parte dos casos, as sementes utilizadas nestas terras não são
de boa qualidade. De acordo com a FAO, ampliar a área cultivada é
chave para que Moçambique possa se tornar auto-suficiente na produção
agrícola.
"O sector da indústria de sementes nunca se desenvolveu
suficientemente no país. Portanto, nunca se criou um mercado para as
sementes. O grande desafio não é só produzir sementes de qualidade,
mas fazer com que os pequenos agricultores tenham possibilidade de
comprar essas sementes. Promover também o acesso a essa tecnologia,
criar e manter uma rede de comercialização de factores de produção que
chegue às zonas mais afastadas no meio rural. Depois, é preciso apoiar
a comercialização agrícola, na qual os pequenos agricultores possam
agregar valor aos seus produtos e vender com melhores preços".
Fonte: Rádio Vaticano / FAO
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/12/30c.htm

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