quinta-feira, 19 de maio de 2011

Cavaco apela a prioridade na produção agrícola

19 de Maio, 2011
O Presidente da República, Cavaco Silva, considerou hoje «da maior
importância» que os decisores políticos atribuam «forte prioridade» ao
aumento da produção agrícola e sugeriu a criação de um «espaço de
diálogo» permanente entre jovens agricultores e Governo.
Perante 30 jovens agricultores que convidou para uma reunião e um
almoço no Palácio de Belém, o chefe de Estado alertou para o
desequilíbrio «muito elevado» da balança comercial no sector
alimentar, o que implica que o país precisa de se «endividar mais» no
estrangeiro.

«Daí que seja da maior importância que os agentes políticos
portugueses atribuam forte prioridade ao aumento da produção agrícola.
Diria mesmo que precisamos neste momento de mobilizar toda a sociedade
portuguesa para o aumento da produção agrícola», afirmou Cavaco Silva,
referindo-se a agricultores, empresas de distribuição e consumidores,
por exemplo.
Para o chefe de Estado, «nunca Portugal precisou tanto da agricultura
e do mundo rural para, como hoje, conseguir vencer a crise económica e
social» que o país atravessa.
Afirmando que a agricultura portuguesa é «a mais envelhecida de toda a
Europa» e daí a necessidade do apoio ao seu «rejuvenescimento», o
Presidente da República sublinhou que não se pode «desperdiçar os
apoios específicos» que a comunidade europeia oferece aos jovens desta
área.
«Penso que seria da maior importância que se criasse uma janela
permanente, um espaço de diálogo frutuoso entre os jovens agricultores
e o Governo, para ocorrer um acompanhamento das suas dificuldades,
para ajudar à sua instalação e realizar aquilo que precisamos tanto,
que é o rejuvenescimento da classe empresarial no sector agrícola»,
sugeriu Cavaco Silva.
Reconhecendo as «dificuldades» que os jovens agricultores enfrentam,
como o acesso à terra e os custos da instalação das explorações, o
Presidente da República defendeu que é necessário que «organismos
públicos e organizações agrícolas» sejam capazes de fornecer
assistência técnica.
«Ser agricultor é algo complexo, difícil e exigente. Para ter sucesso
é preciso qualificação, preparação, espírito de risco e espírito de
sacrifício», afirmou, considerando este sector dos «mais nobres» e
que, por isso, deve merecer «o respeito, a consideração e
solidariedade de todos os portugueses».
Já o presidente da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal
(AJAP), Firmino Cordeiro, defendeu que o sector «pode ser e é
seguramente uma solução» para o país ultrapassar o «período
extremamente delicado» que atravessa.
«A questão do acompanhamento que é necessário fornecer e a questão da
sucessão dos mais velhos para os mais novos são problemas centrais,
para além daqueles que não podem ser jovens agricultores pelo factor
terra. Já há muito tempo que ouvimos falar do banco de terras, que não
chega e que não nos é disponibilizado», afirmou, acusando a classe
política de não olhar para o sector como uma actividade «crucial e
estratégica» para o país.
Depois, o responsável entregou a Cavaco Silva uma medalha para
assinalar este encontro, num dia que considerou «simbólico» e que
espera que seja uma «reviravolta» para a agricultura portuguesa, e
anunciou que vai enviar ao Presidente da República o título de membro
honorário da associação.
«Não é despropositado porque também tenho alguma coisa de agricultor.
Prezo-me de ter uma das melhores laranjas do Algarve a que juntei
também uma pequena produção de anonas», comentou Cavaco Silva.
Os 30 agricultores são oriundos de todas as regiões do país, incluindo
Açores e Madeira, e representam várias actividades agrícolas e
florestais.
Lusa/SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=19557

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