segunda-feira, 4 de julho de 2011

As vantagens do mirtilo: a baga que protege das infecções

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3 de Julho, 2011por Maria Francisca Seabra
Antioxidante e anti-microbiana, a baga roxa tem benefícios para a
saúde. E para o mercado. Este fim-de-semana festeja-se a Feira do
Mirtilo. Há espanhóis e ingleses interessados em visitar as plantações
em Sever do Vouga.
O mirtilo pode vir a tornar-se uma arma contra as bactérias e
substituir os antibióticos que não são eficazes. Na Escola Superior de
Biotecnologia, da Universidade Católica do Porto (UCP do Porto),
investiga-se há seis meses o potencial anti-microbiano deste fruto na
sua forma seca e das folhas do seu arbusto.

O trabalho naquela universidade já levou à criação de película
aderente com extracto de ginja para «inibir o crescimento de
bactérias» quando se protege os alimentos para conservar no
frigorífico e agora o objectivo é fazer o mesmo com o mirtilo.
«Queremos também utilizar os extractos deste fruto como conservantes»,
acrescenta Maria Manuela Pintado, que coordena o projecto Myrtillus,
promovido pela associação de produtores Mirtilusa, e que pretende
manter a qualidade do fruto durante mais tempo depois da colheita,
testar a sua congelação e incorporá-lo noutros produtos, como
infusões.
Esta espécie de elogio científico ao mirtilo será divulgado na quarta
edição da Feira do Mirtilo, em Sever do Vouga, que começa hoje e
termina domingo. A ideia é mostrar a inovação em torno deste fruto
especial aos mais de 30 mil visitantes que se esperam naquela cidade
para conhecer a baga roxa com propriedades benéficas para a saúde.
Espanhóis e ingleses já se inscreveram para as visitas às plantações
da região, que «reúne condições para obter produção durante um período
em que mais nenhum país da Europa consegue produzir», explica Sofia
Freitas, da Agim, associação que organiza a feira.
Esse período é exactamente o mês de Junho – Espanha, o principal
concorrente, produz a partir de Abril e até finais de Maio, em
simultâneo com a produção do Alentejo. «França produz a partir de
Julho e em seguida os países nórdicos», esclarece Sofia Freitas.
Só que, em 2011, o calor sentido em Maio fez com que os portugueses
antecipassem as colheitas e estiveram em disputa com os espanhóis,
«que 'encharcaram' o mercado, a praticar preços mais baixos», lamenta
Sofia Arede, produtora de duas toneladas de mirtilo por ano, a cerca
de cinco/seis euros o quilo.
A história desta ex-desempregada sofreu uma reviravolta quando
abandonou o seu trabalho num escritório de advogados e decidiu
dedicar-se «ao negócio da família». Com o pai, produz e comercializa
mirtilos e groselhas, num total de sete mil metros quadrados de terra
com estas bagas a crescer nos galhos.
«Vendemos 70% em Portugal e 30% para o estrangeiro, em especial para a
Alemanha», conta ao SOL a agricultora de 31 anos, que aposta no modo
de produção biológico como diferenciação do fruto. Porém, é a Holanda
que fica com a maior parte dos mirtilos portugueses, seguida da França
e da Bélgica.
francisca.seabra@sol.pt
http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=23122

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