domingo, 3 de julho de 2011

Produção de mel rende 100 milhões

Oportunidade: Apicultura é um sector em franca expansão
O mel é o produto alimentício mais natural – é produzido pelas abelhas
melíferas a partir do néctar das flores e plantas. Para os
consumidores, é o néctar dos deuses e a cura para algumas maleitas do
foro respiratório. Para os mais de 17 mil apicultores portugueses, é o
seu sustento e uma forma de vida.
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Por:Luís Oliveira


As características nutritivas e adoçantes do nosso mel e a forma
tradicional como é extraído dão-lhe um selo de excelência e adoçam a
economia com 100 milhões de euros: em 2010, o sector da apicultura –
mel, pólen, cera e propólis – rendeu mais de 93 milhões de euros, e
para este ano prevê-se um aumento de cinco por cento... se os
incêndios não afectarem negativamente a actividade.
Para José Lages, de 62 anos, residente em Lapa dos Dinheiros, em Seia
(serra da Estrela) – gosta que o tratem como "o artesão das colmeias e
abelhas" – os incêndios "são o principal inimigo das abelhas e, por
arrasto, dos apicultores".
Segundo dados recolhidos pelo CM junto da Federação Nacional dos
Apicultores de Portugal (FNAP), no ano passado as abelhas melíferas,
que buscam os néctares na flora e o depositam nas 562 mil colónias de
colmeias, produziram mais de 11 mil toneladas de mel, que não foram
suficientes para o consumo interno.
Isto porque apesar de ser uma actividade em expansão no País, continua
a haver um défice negativo na balança comercial do mel: em 2009
exportámos 2,5 milhões de euros e importámos 3,1 milhões de euros.
Manuel Gonçalves, presidente da FNAP, acredita que, tendo em conta que
nos últimos anos se registou uma evolução positiva, é possível que "a
curto prazo as exportações ultrapassem as importações". O mel é
vendido a preços que oscilam entre 2,80 e mais de 5 euros o quilo.
INVESTIMENTO COM RÁPIDO RETORNO
O presidente da FNAP acredita que a apicultura é um sector em expansão
e está a merecer a atenção de pessoas com formação noutras áreas. Para
Manuel Gonçalves, isso deve-se não só à crise e falta de trabalho, mas
também ao facto de a apicultura ser "uma boa oportunidade de negócio"
e um " investimento de rápido retorno". Quem pretende ser apicultor
faz formação para aprender os conceitos básicos e compra as colmeias –
já com abelhas custam entre 125 e 130 euros.
"PARENTE POBRE DA AGRICULTURA"
Manuel Gonçalves, presidente da Federação de Apicultores, lamenta que
sendo a apicultura a única fonte de sustento de milhares de famílias e
tendo contribuído para a fixação de pessoas no campo "seja o parente
pobre da agricultura". "Na última década os apicultores foram
esquecidos, apesar de contribuírem para o desenvolvimento do País e
produzirem um mel de alta qualidade."
DISCURSO DIRECTO
"O MEU MEL É CONHECIDO NO MUNDO", José Lages Apicultor de Lapa dos
Dinheiros, em Seia
CM – Há quantos anos produz e recolhe mel?
José Lages – Sou apicultor desde 1989 e o meu mel é conhecido em todo
o País e em várias partes do Mundo. Felizmente tem sempre escoamento
garantido.
– Quais são os principais problemas da actividade?
– Os incêndios e os pesticidas usados pelos agricultores, que matam
muitas abelhas.
– Quantas colmeias tem? E abelhas, tem ideia?
– Tenho 192 colmeias em diversos apiários. Em média, cada colmeia tem
150 mil abelhas. É só fazer as contas [mais de 28 milhões]!
– A apicultura é uma profissão em risco?
– Só se se for atacado pelas abelhas. Quem tiver propriedades e
vontade de trabalhar e aprender o ofício pode ser apicultor. É uma
profissão que exige quase 365 dias de atenção permanente.
ALGARVE PRODUZ 700 TONELADAS POR ANO
José Chumbinho está ligado ao negócio do mel há trinta anos. A sua
empresa, Do Chumbinho, situada em Loulé, é responsável por 300
colmeias, espalhadas de barlavento a sotavento, que, por sua vez,
produzem os 500 quilos de mel enfrascado que vende anualmente.
Segundo dados da Melgarbe – Associação de Apicultores do Sotavento
Algarvio, os seus 200 apicultores associados produzem cerca de 500 a
700 toneladas de mel por ano. No total, no Algarve existem ainda perto
de mil apicultores registados, que são responsáveis pela produção de
cinco mil toneladas por ano.
"O mel no Algarve está de boa saúde", refere José Chumbinho,
destacando os preços altos dos combustíveis e a burocracia restritiva
como os aspectos mais negativos no negócio. A apicultor produz seis
tipos de mel: medronheiro (o mel amargo), rosmaninho, laranjeira,
alfarrobeira, tomilho e cardo, e vende-os a nível regional – em
mercados e a algumas lojas. E poderá começar a exportar. O mel
produzido no Algarve é vendido, em média, a três euros as embalagens
de um quilo para revenda e a cinco euros ao público.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=E578CECC-F499-4E9D-B992-FA480BE242E3&channelID=00000011-0000-0000-0000-000000000011

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