sexta-feira, 8 de julho de 2011

Míldio obriga a mais tratamentos na vinha

Publicado em 07 Julho 2011. Tags: bairrada, míldio, tratamentos, Vinha
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A Bairrada está a braços com um "anormal" ataque de míldio nas vinhas
da região. Um problema que está a causar avultados prejuízos, exigindo
mais tratamentos e atenção redobrada na vinha. A par deste problema
também o black rot está a tomar proporções alarmantes, pois é uma
doença recente (com cerca de seis anos) que tem vindo a alastrar.

Na verdade, devido às peculiares condições meteorológicas
(temperaturas altas e baixas, chuva e humidade relativa elevada), tem
ocorrido uma proliferação desta que é uma das principais doenças da
videira. O míldio é um fungo que ataca todos os órgãos verdes da
videira, provocando perdas na produção. Agora, em pleno mês de Julho,
o rot brun (míldio no cacho) é a situação mais preocupante.
Mas, ao contrário de outras regiões portuguesas (Douro, Alentejo e
Ribatejo), onde o míldio tem provocado perdas significativas, a
Bairrada tem conseguido "controlar" os ataques, efectuando tratamentos
atempados. Nesta acção têm sido determinantes os Avisos emitidos pela
Estação de Avisos da Bairrada e o controlo feito pela APIBAIRRADA.
Assim, na Bairrada fala-se em perdas pontuais, sobretudo nas parcelas
de viticultores que não trataram devidamente as vinhas. Os
viticultores mais pequenos, desatentos e pouco profissionalizados
viram as suas parcelas sofrer perdas avultadas que podem, em alguns
casos, chegar aos cem por cento. Os grandes produtores e empresas da
região, que se socorreram de apoio técnico, não sentiram com gravidade
os ataques destas pragas.
De acordo com a Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB), "devido às
condições favoráveis ao seu desenvolvimento, têm aparecido alguns
focos de míldio na região da Bairrada". A CVB dá conta de que "também
se verifica que os viticultores que fizeram os tratamentos
considerados necessários não foram praticamente afectados, podendo
pois, de momento, ser considerada residual a quebra de produção devido
a estes factos".
César Almeida, da Estação Vitivinícola da Bairrada, admite que o
míldio e o black rot, em simultâneo, têm atacado com mais força. "Os
viticultores não estão devidamente esclarecidos para uma e outra
doença e por vezes falham no tipo de abordagem/tratamentos a fazer",
acrescentou. Na Bairrada, num ano normal, fazem-se 6 a 9 tratamentos
durante a campanha. Este ano foram necessários mais.
Produtores atentos. Carlos Campolargo desdramatiza o caso. "Não
consideramos que seja um ano excepcional, mas sim uma situação de
praga mais intensa que exige com combate atempado". Apenas os custos
com os tratamentos são mais elevados.
Luís Pato também não se queixa e diz que a perda não será superior a
1%. Contudo, reconhece que foram necessários mais tratamentos, no seu
caso mais 20% em relação a um ano normal o que acarreta naturalmente
um acréscimo nos custos em produtos agroquímicos.
Já Mário Sérgio Nuno diz não ter, no momento, nos seus 28 hectares de
vinha qualquer sintoma de míldio, graças ao olhar atento de seu pai,
responsável pela vinha: "os tratamentos, esses sim, aumentaram".
Luís Melo, de Óis do Bairro, é um prestador de serviços. Cuida das
suas vinhas e das de outros viticultores, assim como entrega uvas a
empresas. Trata um total de 10 hectares. "O que faço é com gosto e no
que trato não existem parcelas com míldio. No entanto, conheço pessoas
que tiveram perdas significativas entre 30 e 50%. Há dois casos de
100% de perda da parcela."
Catarina Cerca
catarina@jb.pt
http://www.jb.pt/2011/07/mildio-obriga-a-mais-tratamentos-na-vinha/

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