Azeite: Portugal será auto-suficiente em 2012
No próximo ano, Portugal deverá estar a produzir azeite suficiente
para dar resposta às necessidades dos consumidores nacionais. Essa é a
convicção do director-geral da Elaia, empresa ligada ao grupo Sovena e
proprietária da marca Oliveira da Serra, que produz, por ano, 11,5
milhões de litros de azeite, o que corresponde a 20 por cento do
consumo anual no nosso país.
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Por:Carlos Pinto
"Portugal pode dar cartas neste produto, e a primeira meta está
praticamente atingida, que era a auto--suficiência. Dentro de um ou
dois anos, o País será claramente exportador de azeite", diz Vasco
Cortes Martins.
Para já, a produção nacional ronda as 50 mil toneladas de azeite por
ano, número aquém das 62 mil toneladas que são necessárias para o
consumo interno. O aumento da produção está garantido com a plantação
de novos olivais e a instalação de lagares modernos, sobretudo no
Alentejo, principal região produtora de azeite.
Ferreira do Alentejo foi o concelho escolhido pelo grupo Sovena para
construir um arrojado lagar com um pólo de 4 mil hectares de olival,
num investimento de nove milhões de euros. Na última campanha, saíram
desta infra-estrutura duas mil toneladas de azeite, número que deve
triplicar em 2011 e que se destina, sobretudo, ao mercado nacional,
uma vez que a exportação representa 10% da produção anual da marca
Oliveira da Serra.
O caso da Sovena não é isolado no Alentejo. De norte a sul da região,
são muitos os projectos ligados ao sector e todos encaram com
optimismo o futuro próximo.
"O azeite é uma fileira prioritária", sublinha José Baptista,
director-geral da Cooperativa Agrícola da Vidigueira. Esta associação
de produtores conta com 1500 associados, num total de 10 mil hectares
de olival. Em 2010 engarrafou cerca de 272 mil litros de azeite, dos
quais 27% foram exportados para Angola, África do Sul, Inglaterra,
Alemanha, Luxemburgo, Brasil e EUA.
EXPORTAÇÕES SOBEM 37%
A exportação de azeite português cresceu durante o ano passado 37 por
cento, em volume, ultrapassando pela primeira vez nos últimos anos os
valores da importação. Os dados, revelados pela Casa do Azeite,
referem que o Brasil é o principal consumidor do azeite nacional. Em
2010, o sector exportou 159 milhões de euros e importou 158 milhões.
"SECTOR CONVERTEU ÁREA AGRÍCOLA": Vasco Cortes Martins, Director-geral da Elaia
CM – Que potencial tem o sector do azeite em Portugal?
Vasco Cortes Martins – Pode dar cartas neste produto. A primeira meta
está quase atingida, que é a auto-suficiência do País. Nos próximos
anos, Portugal será um claro exportador de azeite.
– Será uma mais-valia para a economia nacional?
– Totalmente. Esta actividade reconverteu muitas áreas agrícolas que
estavam subaproveitadas. Ou seja, conseguiu pô-las não só a produzir
como, dentro de pouco tempo, estarão a exportar. E isso faz toda a
diferença.
– Com tantos investimentos, já há olival a mais no País?
– Se não somos auto-suficientes, como é que há olival a mais? Vão
surgir mais investimentos.
MOURA E BARRANCOS SOBEM PRODUÇÃO
Os concelhos de Moura e Barrancos, abrangidos pela denominação de
origem protegida 'Azeites de Moura', são dos grandes produtores do
País. A cooperativa agrícola local é a terceira principal embaladora
de azeites virgem e virgem extra, tendo produzido em 2010 um total de
3,5 milhões de litros.
Com cerca de 1200 produtores associados, correspondendo a uma área de
18 mil hectares de olival, a Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos
espera chegar este ano aos 4,5 milhões de litros de azeite embalados.
A maioria é vendida no mercado nacional através das principais cadeias
de hipermercados.
Bem menos peso nas contas da cooperativa têm as exportações. "Ao
destinarmos a maior parte das nossas produções para o mercado interno,
contribuímos para o equilíbrio da balança comercial do azeite",
explica o gerente Manuel Fialho.
Com quase duas décadas de experiência no sector, o responsável
deposita igualmente grandes expectativas na produção de azeite para o
crescimento da agricultura: "O espantoso crescimento da cultura do
olival na última década fará do azeite a principal produção do Baixo
Alentejo."
INVESTIMENTO EM LAGARES
O aumento da produção de azeitona levou a Cooperativa Agrícola de Beja
e Brinches a investir cinco milhões de euros num novo lagar. Com 2400
associados, 800 dos quais olivicultores, a cooperativa prevê receber
na campanha de 2011 cerca de 15 milhões de quilos de azeitona. Nos
próximos anos, a produção poderá aumentar para os 25 milhões de
quilos.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/azeite-bate-recorde-de-producao
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