terça-feira, 5 de julho de 2011

‘Horta’ de Lisboa rende 85 milhões

Produção: 40 por cento da mão-de-obra é estrangeira
A Região Oeste é a "horta de Lisboa", pela sua importância no
abastecimento dos "alfacinhas", mas também pelo contributo que tem
dado à economia, superior a 85 milhões de euros, considerando os
principais produtos.
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Por:Francisco Gomes


"Começou em Loures, passou para Mafra e hoje é o Oeste, sobretudo
Torres Vedras, Lourinhã e Peniche", diz António Gomes, presidente da
Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO).
O sector constitui uma das fileiras estratégicas do Oeste, por exemplo
quanto aos hortícolas frescos, ao ar livre e em estufa. E mostra
dinamismo, qualidade e capacidade para competir na Europa.
Apesar disso, o seu desenvolvimento está condicionado pela dimensão
das explorações. "A excessiva fragmentação da terra de cultivo
inviabiliza a mecanização e condiciona a modernização dos sistemas de
produção", refere Ana Paula Nunes, do Centro Operativo e Tecnológico
Hortofrutícola Nacional.
Por outro lado, "a mão-de-obra portuguesa é muito escassa, embora
agora se note um ligeiro aumento, e tem de se recorrer a mão-de-obra
de fora - 40% é estrangeira, sobretudo brasileira e romena", refere
António Gomes, salientando que os principais problemas são "os custos
de produção e a desorganização da produção".
"As pessoas vivem muito por si. Cada uma vai tentando fazer a sua vida
e o mercado não se compadece com isso As pessoas têm de se agrupar,
para que não haja grande irregularidade nos preços e se venda abaixo
do custo de produção", conclui o presidente da AIHO.
UM TERÇO DO SECTOR É JOVEM
No Oeste - onde os jovens no sector são 35% e há muitos técnicos
formados a rondar os 30 anos -, a couve é o produto em maior
quantidade (100 mil toneladas) e mais exportado (70%), cultivado ao ar
livre e no Inverno. O cultivo de alho francês tem crescido nos últimos
anos, dando para abastecer o mercado interno e exportar 30%. Na
Primavera, o domínio é da batata e da abóbora (50% desta é exportada).
Em estufa, o principal produto é o tomate, que ocupa 500 hectares e
produz 100 mil toneladas por ano (50% exportado para Espanha).
"VENDEMOS MAIS 1,2 MILHÕES": José Artur Presidente da Hortas do Oeste, S.A.
CM - Como foram as vendas da última campanha?
José Artur - Registámos 16,8 milhões de euros, mais 1,2 milhões (7,9%)
do que no ano anterior, merecendo especial destaque o aumento de 47,2%
nas vendas intracomunitárias.
- Quais são os mercados?
- No mercado nacional são as grandes superfícies e os mercados
abastecedores de Lisboa, Coimbra e Porto. As exportações vão para a
Alemanha, Holanda, França e Espanha.
- Quais os produtos mais exportados?
- São a couve-coração, couve--lombarda, alho francês, batata, cenoura
e couve-flor. No ano de 2010 exportámos 1,6 milhões de euros, 10% da
produção.
BOLSA DE LEGUMES FACILITA AS VENDAS
A Região Oeste tem contornado as dificuldades de escoamento dos
produtos com a criação de leilões diários, que vieram revolucionar a
vida dos produtores, pois, de uma forma mais fácil, conseguem ter uma
garantia de venda a um preço rentável. Os operadores de mercado também
têm vantagens, porque o produto nacional está concentrado e evita
terem de andar à procura, inclusive no estrangeiro.
Na Carmo & Silvério, em Torres Vedras, há diariamente um leilão de
produtos hortícolas nacionais, destinado a armazenistas e
distribuidores. Os produtos são leiloados em lotes. Ao preço por quilo
são acrescidos cinco cêntimos a pagar pelo comprador para custos do
leilão. O vendedor entrega dez por cento da venda ao leiloeiro.
"O que o leilão faz é regularizar o preço em função da procura e da
oferta. Traz uma maior transparência na venda do produto, porque os
agricultores sabem logo o preço a que conseguiram escoá-lo. Todos os
dias, na conversa com os amigos no café, ficam a saber o valor de cada
produto nos diversos leilões. É uma autêntica bolsa de legumes",
refere Paulo Maria, administrador da empresa.
VENDE-SE CUSTE O QUE CUSTAR
Nos leilões "é tudo vendido. Podemos é vender a bom preço ou a baixo
preço. Pode haver alturas em que ninguém compre, então compramos nós",
refere Paulo Maria, administrador da empresa Carmo & Silvério. A ideia
veio de Espanha e no Oeste existem quatro locais onde se realizam
leilões diários, no concelho de Torres Vedras, com 15 a 30
compradores.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/horta-de-lisboa-rende-85-milhoes

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