19.08.2011 - 17:18 Por Maria Antónia Zacarias
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Decisão para a continuidade do projecto está para breve, mas Portugal
está na recta final do processo (Foto: Bay Ismoyo/AFP)
O Alentejo pode vir a ser a região pioneira na plantação de papoilas
a nível nacional. A ideia é extrair desta flor os alcalóides opiáceos
utilizados para o controlo da dor, através da produção de morfina.
O processo, em fase de experimentação no distrito de Beja, envolve uma
área de 29,5 hectares e três agricultores. O cultivo tem já a
autorização da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde
(Infarmed).
Foi o anterior secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento
Rural, Rui Pedro Barreiro, que homologou o acordo de parceria no
âmbito da produção vegetal e cultivo de papoila (Papaver somniferum),
entre a Direcção Regional de Agricultura do Alentejo e a Macfarlan
Smith. Os ensaios iniciaram-se no Centro Operativo para as Tecnologias
do Regadio, entidade pertencente à Empresa de Desenvolvimento e
Infra-estruturas do Alqueva, em dois hectares à entrada de Beja, na
Quinta da Saúde.
Revelados os bons resultados, a empresa alargou a experimentação a
mais hectares, desta vez, abrangendo campos de agricultores. Os
proprietários das terras receberam incentivos monetários da Macfarlan
Smith para a sementeira e depois um novo pagamento, mais substancial,
aquando da produção. "Esta é uma acção muito apelativa porque
proporciona aos agricultores grandes vantagens, bem como a toda a
região", afirma o ex-director regional da Agricultura do Alentejo,
João Libório, que anuncia a intenção da acção ser alargada a outros
pontos do Alentejo.
Se tudo correr bem, a partir de 2013 poder-se-á ter no distrito de
Beja cerca de sete mil hectares a produzir papoilas, regadas com água
da barragem de Alqueva. Em 2014 está prevista a construção de uma
fábrica para a primeira fase de transformação - separação de sementes
e palha e a "paletização" - seguindo em contentores devidamente
selados e percorrendo todo o percurso das alfândegas até Edimburgo
(Escócia), onde está a sede da Macfarlan Smith, para que aí seja
efectuada a extracção da morfina.
O antigo director regional lembra que há ainda alguns fantasmas sobre
a cultura da papoila por estar associada ao ópio, mas afirma que esta
é uma prática já testada em muitos outros países como Espanha,
Inglaterra e Austrália. João Libório garante ainda que "estão
asseguradas todas as questões da segurança com o Ministério da
Administração Interna".
O projecto foi iniciado a 27 de Fevereiro e João Libório explica que,
antes de investir, a empresa realiza experiências em vários países.
"Neste momento, ainda estamos a competir com a Eslováquia, mas já
estivemos a concorrer com a Hungria, a República Checa, a Macedónia e
com quase todos os países de Leste, que eliminámos", adianta. Para já,
assegura, existem 90 por cento de hipóteses da decisão ser tomada a
favor de Portugal.
Reduzir importações
Se tudo correr como previsto, a Macfarlan Smith tem a intenção de
construir, numa fase posterior, uma fábrica de produção de morfina em
Portugal. A primeira vantagem apontada pelo ex-director regional seria
a criação de postos de trabalho, "que teria um impacto muito benéfico
na região como forma de diminuir o desemprego". A segunda implicaria
que dez por cento da produção de morfina, realizada a nível nacional,
ficasse no mercado português, reduzindo-se as importações,
http://www.publico.pt/Local/beja-cultiva-papoilas-para-produzir-morfina_1508336
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