Pequenos e médios produtores do Douro queixaram-se esta semana, na
Régua, de dificuldades em comprar aguardente vínica para a produção de
vinho do Porto, uma consequência de praticamente ter acabado o
comércio a retalho deste produto.
As alfândegas introduziram uma nova exigência de uma garantia bancária
de cinco vezes o valor da aguardente para que se possam realizar os
negócios. Por causa disso, desaparecem do mercado grande parte dos
comerciantes a retalho deste produto.
José Alves vendeu aguardente a retalho até ao ano passado. Agora diz
que já não tem capacidade financeira para estar no negócio e cumprir a
garantia exigida. Explicou que, com o preço da aguardente a 1.60 ou
1.70 euros, são precisos oito euros por litro de garantia bancária.
Pequenos e médios produtores da Região Demarcada do Douro reuniram, no
Peso da Régua, com a direcção do Instituto dos Vinho do Douro e Porto
(IVDP) para discutirem este problema.
A enóloga Gabriela Canossa, da Sociedade Agrícola Veredas do Douro,
referiu que, neste momento, as uvas estão com um grau de maturação
ideal para a vindima e sublinhou que não consegue comprar aguardente.
Este é um ingrediente indispensável para a elaboração de vinho do
Porto. Cada pipa de 550 litros de generoso contém entre 110 a 130
litros de aguardente vínica.
O presidente do IVDP, Luciano Vilhena Pereira, referiu que existem 13
milhões de litros de aguardente certificada pelo instituto público, um
número que considerou suficiente para esta vindima.
Garantiu ainda colaboração com os produtores para encontrar uma
solução "se houver algum problema na distribuição de aguardente".
Por sua vez, José Barros, da Adega Cooperativa de Favaios, disse
estranhar o valor de aguardente certificado pelo IVDP já que, frisou,
precisa de mais 190 litros deste produto e não consegue comprar.
Actualmente no mercado existem apenas grandes comerciantes de
aguardente, que importam sobretudo de Espanha, e vendem só por grosso.
Por causa do fim das ajudas comunitárias à destilação o preço
internacional da aguardente está a subir.
Na terça-feira, a Associação dos Vitivinicultores Independentes do
Douro (AVIDOURO), associada da Confederação Nacional da Agricultura
(CNA), reivindicou uma intervenção do Governo para combater a
especulação com os preços da aguardente vínica, que "ameaçam" aumentar
mais de "50 por cento" nesta vindima, podendo passar de 1.30 euros
para os mais de dois euros por litro".
Para esta vindima, em que foram fixadas 85 mil pipas de benefício,
serão necessários, segundo João Dinis, dirigente da CNA, cerca de 11
milhões de litros de aguardente.
Logo, o valor total a pagar por este produto poderá "ir acima dos 22
milhões de euros".
Fonte: Lusa
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/08/26b.htm
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