CLIMA
por LusaHoje
A Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID)
debate quinta-feira, em Alijó, a influência do clima nas relações
hídricas das videiras do Douro, numa iniciativa que conta com a
presença do investigador em climatologia Gregory Jones.
Fernando Alves, da ADVID, referiu que as preocupações dos viticultores
durienses são relacionadas com os recursos hídricos que são
"tradicionalmente limitados na região".
O clima influencia de forma importante as necessidades de consumo de
água pela videira. Os eventos meteorológicos extremos podem provocar
perdas numa determinada colheita, enquanto as alterações no clima a
longo prazo, podem dar origem a modificações no potencial de maturação
e no estilo de vinho.
E é precisamente o "Clima e relações hídricas na videira: caso de
estudo no Douro" que vai estar em debate no workshop que decorre
quinta-feira, na Quinta do Noval, no Pinhão.
A iniciativa conta com a presença do investigador em climatologia
Gregory Jones, da Southern Oregon University, que se especializou no
estudo da estrutura e adequação do clima para a viticultura e
influência da variabilidade e mudanças climáticas no crescimento da
videira, produção e qualidade do vinho.
O investigador norte-americano encontra-se em Portugal no âmbito da
estratégia de ação do "Cluster dos Vinhos da Região do Douro".
"Aproveitamos parte do trabalho que está a ser feito no âmbito das
alterações climáticas, concentrando-nos especificamente nos recursos
hídricos que podem ser limitados no futuro", salientou Fernando Alves.
O responsável acrescentou que serão apresentadas medidas que "podem
ajudar a mitigar esse efeito", nomeadamente o recurso à "rega
deficitária", ou seja, "utilizando a menor quantidade de água possível
para maximizar o funcionamento da planta".
Refira-se que, de acordo com o Estatuto das denominações de origem e
indicação geográfica da Região Demarcada do Douro, a rega da vinha só
pode ser efetuada em condições excecionais e apenas para obstar a
situações extremas de défice hídrico, reconhecidas pelo Instituto dos
Vinhos do Douro e Porto (IVDP) que possam pôr em causa o normal
desenvolvimento fisiológico da videira.
Será ainda apresentado o projeto "ClimeVineSafe", liderado pela
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Segundo o investigador Moutinho Pereira, neste momento, está a ser
feito um ensaio na UTAD com a casta Touriga Nacional, através do qual
está a ser investigada a aplicação de caulino, uma "argila inerte que
dá um aspeto esbranquiçado às folhas das videiras".
"Em dias de muito sol, a folha não aquece tanto e logo não sofre
escaldão. Está mais protegida. É uma espécie de protetor solar para a
videira", explicou o responsável.
Trata-se de um estudo preliminar que, no próximo ano, poderá ser
aplicado numa vinha comercial e alargado a mais castas da Região
Demarcada do Douro.
O projeto tem a parceria da Universidade de Aveiro e da ADVID e conta
com um apoio financeiro de 160 mil euros por parte da Fundação para a
Ciência e Tecnologia (FCT).
http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1959823&seccao=Biosfera&page=-1
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