A Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal (AADS) mostra
descontentamento por o mercado nacional dar prioridade a produtos
estrangeiros, "como o arroz produzido na Etiópia, em detrimento
daquele feito em solo português". Avelino Antunes, assessor da AADS
revela que a produção nacional de arroz é dirigida apenas a "50% dos
portugueses, quando consomem quatro vezes mais arroz que os restantes
países da Europa". "Não é compreensível que um país, com regiões que
se dedicam ao cultivo arroz e com condições para produzir o dobro,
como a Comporta, importe o produto de outras nações", prossegue.
O assessor da AADS encontra na "ditadura das grandes superfícies
comerciais", a culpa por "existirem marcas brancas de arroz à venda
quando nem comercializam produtos de marca". Como forma de combate a
esta ditadura, Avelino Antunes revela a necessidade de apostar em
mercados de proximidade, que "são cada vez mais fundamentais para que
os produtos da terra sejam comercializados sem a concorrência do
estrangeiro", além da "obrigatoriedade que deveria ser imposta aos
centros comerciais para aceitar uma percentagem de produtos nacional
para venda em loja".
À margem do Festival da Batata Doce, que se realizou no passado fim de
semana no Carvalhal, Avelino Antunes criticou a forma como "os
incentivos e ajudas à produção agrícola são distribuídos em Portugal"
e revela uma nova fórmula pela qual estes subsídios se devem basear.
"Ao contrário daquilo que acontece hoje, onde os apoios são
partilhados por critérios de produção histórica e dimensão dos
hectares", o assessor da AADS deseja que "essa distribuição deva ser
indexada à produção atual", para que deixem de existir "situações como
em Sintra ou Cascais onde várias herdades que deixaram de se dedicar à
agricultura continuem a receber subsídios".
Domingos Moura, membro desta associação, afirma que "os agricultores
não têm condições para concorrer com produtos vindos do estrangeiro",
ao passo que Joaquim Caçoete, presidente da AADS, revela a necessidade
de "a agricultura ter de ser apoiada duma forma consistente pelos
serviços públicos". "O mundo rural é fundamental para o
desenvolvimento da atual economia que hoje está bastante debilitada",
declara Joaquim Caçoete, atribuindo às estruturas públicas a
responsabilidade por fixar a população em áreas que não são urbanas,
tornando estas mais atrativas.
Avelino Antunes culpabiliza a "autarquia de Alcácer do Sal por se ter
afastado da Festa da Batata Doce", considerando esta situação como "um
espelho do retirar dos poderes públicos mais próximos a um setor que
deve ser considerado como fundamental para o desenvolvimento económico
e a saída da crise". Ao considerar que "a Câmara Municipal de Grândola
não valoriza a agricultura no concelho", o assessor da AADS verifica
que, nos dias de hoje, a "democracia subordinada ao poder económico".
Aníbal Cordeiro, vice presidente da edilidade grandolense destaca a
importância que a agricultura tem para a câmara, "sendo esta
considerada como o segundo vetor de desenvolvimento do concelho,
depois do turismo". "É necessário apoiar iniciativas como a Festa da
Batata Doce, mas as competências da câmara não são inesgotáveis",
prossegue o edil, acrescentando que "junto dos agricultores, a
autarquia conseguiu impedir o encerramento da zona agrária".
Manuel Forte - 07-12-2011 13:30
http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=16046
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