sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Poor's Portugal

19 Janeiro 2012 | 10:31
Celso Filipe - cfilipe@negocios.pt
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O discurso é estafado. A única maneira de Portugal de sair da crise é
exportar mais, apregoam governantes, políticos, empresários e
quejandos. O problema é: exportar o quê? Durante duas décadas o país
apostou forte no seu processo de desindustrialização. Cavaco Silva,
enquanto primeiro-ministro, teceu loas às virtualidades da economia de
serviços.
Pelo caminho ficaram a agricultura, as pescas e as indústria pesadas.
Ingenuamente ter-se-á pensado que a União Europeia funcionaria numa
lógica de complementaridade - uns produziriam aquilo, outros
aqueloutro e outros ainda receberiam para não produzir. Portugal
entrou nesta última categoria.

Atraída pela opulência fácil que a mesma proporcionava. Os que se
seguiram a Cavaco Silva na cadeira do poder adoptaram a mesma táctica,
requintada com modelos que garantiam o sucesso. Portugal devia copiar
a Irlanda, baptizada como o "tigre celta". Só que a crise também
cortou as unhas ao "tigre", o qual, ficou então a saber-se, era de
papel.
É por isso que o discurso sobre as exportações é irritante. E volátil
como a gelatina em termos de conteúdo. Invocar os pastéis de nata como
exemplo acentua o ridículo da coisa. Para exportar, o país precisa de
ter o que exportar e para tal precisa de ter indústrias que produzam.
Que não tem, nem em número, nem em dimensão. Nesta medida, necessita
de mais e melhor iniciativa privada. Ou seja, Portugal precisa de
investir e não de empobrecer.
E agora diga lá o que é que as agências de "rating" têm a ver a isto?
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