quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Polémica chega ao parlamento. Partidos não matam a tourada

Por Luís Claro, publicado em 19 Jan 2012 - 10:21 | Actualizado há 14
minutos 16 segundos
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A polémica sobre as touradas chega hoje ao parlamento através de uma
petição que pede a abolição das corridas de toiros em Portugal. São
cerca de sete mil cidadãos que pedem aos deputados para dar uma
"estocada" neste espectáculo, mas nenhum partido tenciona avançar com
uma iniciativa nesse sentido.

É à esquerda que as corridas de toiros encontram maior oposição e os
bloquistas defendem o fim das corridas, embora não o queiram fazer por
"decreto". Em todo o caso, o BE tenciona avançar em breve com dois
diplomas para acabar com o financiamento público às corridas e para
proibir a RTP de transmitir este espectáculo. A deputada Catarina
Martins diz ao i que a intenção é abrir caminho para "acabar com as
touradas" em Portugal. A deputada bloquista defende que as corridas
são "uma violência para os animais", mas "o melhor caminho para acabar
com elas é acabar com o financiamento público".

A questão está longe de ser pacífica dentro dos partidos políticos –
onde há posições para todos os gostos –, mas dentro da coligação
CDS/PSD ninguém pensa em acabar com este espectáculo em Portugal. No
CDS é conhecido que Paulo Portas vai ver touradas com alguma
frequência e entre os sociais-democratas também há quem aprecie. É o
caso do líder da JSD, Duarte Marques, que confessou ao i "ser a
favor".

"É preciso respeitar a tradição que existe. Sou aficionado e penso que
não faz qualquer sentido acabar com as touradas", diz o presidente dos
jovens sociais-democratas, que lamenta o fanatismo dos movimentos que
lutam pela abolição das corridas de toiros em Portugal.

No PS, a ex-ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, diz que os
socialistas "aceitam a diversidade das diversos culturais", ou seja,
não pactuam com a intenção da petição que hoje vai ser discutida na
Assembleia da República para acabar com as corridas.

CORRIDAS SEM TOIROS O PAN (Partido pelos animais e pela natureza) está
também a preparar uma petição para entregar no parlamento. Paulo
Borges diz que já recolheu quase 50 mil assinaturas e lamenta que os
partidos com representação parlamentar fujam a este debate com o
receio de "perderem votos". O presidente do PAN defende que as
touradas devem continuar, mas "sem a presença de animais". Como é que
isso seria feito? Paulo Borges responde que "seria uma questão de
criatividade e passaria, sobretudo, por fazer uma simulação".

Outra ideia do presidente do PAN é que os toureiros, ganadeiros e
outras pessoas ligadas a esta actividade passassem a dedicar-se a "uma
indústria dedicada a promover a natureza junto das crianças".

Em 2011, o país assistiu a pouco mais de 230 corridas de toiros, sendo
que os locais com mais espectáculos foram Lisboa, Alcochete, Montijo e
Vila Franca de Xira. O número de corridas baixou em relação a outros
anos, mas os amantes da festa atribuem esse facto à crise económica e
ao mau tempo, já que a maioria dos espectáculos são ao ar livre.

Os movimentos anti-touradas portugueses ganharam um novo folgo com a
decisão do parlamento de Barcelona, que aprovou uma proposta para
proibir esta prática na Catalunha. Em Portugal, a proibição parece
estar para já afastada da mente dos políticos portugueses.

http://www.ionline.pt/portugal/polemica-chega-ao-parlamento-partidos-nao-matam-tourada

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