quarta-feira, 14 de março de 2012

Fórum Mundial da Água quer soluções até 2030

12.03.2012
Agências

Mais de dois mil milhões de pessoas deverão passar a ter acesso a água
potável ou a saneamento básico até 2030. As melhores formas para o
conseguir começaram esta semana a ser debatidas por 140 países em
Marselha, França, no 6º Fórum Mundial da Água.

"Os desafios são imensos", reconheceu o primeiro-ministro francês
François Fillon, no seu discurso de abertura perante chefes de Estado
e de Governo, ministros e representantes da indústria e da sociedade
civil de 140 países. Fillon convidou os presentes a "reflectir sobre
os meios para tornar universal o acesso a água potável até 2030". Mais
de dois mil milhões de pessoas vivem sem água potável e "contam-se aos
milhões os mortos, todos os anos, por causa de riscos sanitários",
acrescentou. "Esta é uma situação que não é aceitável", disse,
apelando "à comunidade internacional para se mobilizar e resolver o
problema".

Os anteriores fóruns, iniciativas trienais do Conselho Mundial da
Água, fizeram o diagnóstico sobre o acesso à água no mundo; agora, o
de Marselha quer soluções. A presença de Portugal será visível através
do Pavilhão do país e da participação da ministra da Agricultura, Mar,
Ambiente e Ordenamento do Território, Assunção Cristas, secretário de
Estado do Ambiente, Pedro Afonso Paulo, presidente da Agência
Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, presidente da Parceria
Portuguesa para a Água e ex-ministro do Ambiente, Francisco Nunes
Correia, além de vários técnicos e especialistas no sector, segundo a
Lusa.

De acordo com o 4º Relatório da ONU sobre a água no mundo, apresentado
hoje no fórum, o aumento da população – que passará a 9 mil milhões em
2050 – e as inundações e secas, trazidas pelas alterações climáticas,
ameaçam os recursos hídricos se nada for feito.

"A água doce não está a ser usada de forma sustentável", disse a
directora-geral da Unesco, Irina Bokova, em comunicado. "As
informações rigorosas ainda não são a regra e a gestão está
fragmentada... O futuro é cada vez mais incerto e os riscos vão
agravar-se", acrescentou.

Segundo Irina Bokova, citando o relatório da ONU, o consumo de água
pela agricultura já representa cerca de 70% da água doce usada no
mundo e deverá aumentar, pelo menos, 19% até 2050, quando a população
mundial chegar aos nove mil milhões de pessoas.

Uma "revolução silenciosa" está a decorrer no subsolo, avisa o
relatório, à medida que a quantidade de água extraída dos aquíferos
triplicou nos últimos 50 anos, fazendo desaparecer uma barreira contra
a seca. "As alterações climáticas vão afectar drasticamente a produção
de alimentos no Sul da Ásia e no Sul de África, entre agora e 2030",
alerta o relatório. "Em 2070, o stress hídrico também vai afectar a
Europa Central e do Sul".

Um outro relatório, da Organização para a Cooperação Económica e
Desenvolvimento (OCDE) e divulgado na semana passada, estima que a
procura mundial de água vai aumentar 55% em 2050, com mais de 40% da
população mundial a viver em bacias hidrográficas ameaçadas pelo
stress hídrico.

Este documento alerta que, com uma reserva de água limitada, os
gestores políticos serão obrigados a fazer uma melhor gestão entre a
procura para a agricultura, energia, consumo humano e saneamento
básico.

Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde disse que 89% da
população mundial já tem acesso a água potável, cumprindo em 2010 uma
das metas dos Objectivos do Milénio, para 2015.

http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1537459

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