domingo, 28 de outubro de 2012

"Os Verdes" propõem suspensão de milho transgénico na Europa

23.10.2012
Ricardo Garcia

O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) quer que seja suspensa a
comercialização, na Europa, de um milho transgénico que um estudo
polémico diz causar cancros e outros problemas graves de saúde.

O milho em causa – o NK603, da multinacional Monsanto – foi
geneticamente modificado para resistir ao insecticida Roundup,
fabricado pela mesma empresa.

Há cerca de um mês, um estudo publicado na revista Food and Chemical
Toxicology constatou uma maior frequência de tumores mamários e
doenças graves no fígado e nos rins entre ratos de laboratório
alimentados com aquela variedade de milho. O estudo era acompanhado de
fotos dos animais, com tumores, do tamanho de bolas de ténis de mesa
visíveis sob a pele.

Numa proposta de resolução entregue na Assembleia da República, o PEV
considera "absolutamente assustadoras" as conclusões do estudo. "Tendo
em conta a gravidade das conclusões do estudo que foi tornado público,
não é possível que fiquemos indiferentes e inactivos perante o risco
que se pode estar a correr", diz o texto da resolução, que será
discutido na próxima quinta-feira no Parlamento.

O milho NK603 não é cultivado na Europa, mas é importado e utilizado
na alimentação animal e humana. O PEV quer que o Governo tome medidas
para que "se suspenda a autorização de comercialização" daquele milho.
O partido sugere também uma moratória a novas autorizações de
transgénicos, enquanto não houver estudos de longo prazo conclusivos
sobre a sua segurança.

O estudo citado pelo PEV é tudo menos consensual. Liderado pelo
investigador francês Eric Séralini, da Universidade de Caen, o
trabalho tem sido fortemente criticado pela comunidade científica.

Na última sexta-feira, dia 19, seis academias científicas francesas –
de Agricultura, Medicina, Farmácia, Ciências, Tecnologia e Veterinária
– divulgaram uma posição comum dizendo que o trabalho de Séralini "não
permite nenhuma conclusão fiável". O estudo, dizem as academias
francesas, foi mal concebido, usou métodos estatísticos errados,
utilizou animais naturalmente susceptíveis a tumores a longo prazo e
não traz dados essenciais para justificar a interpretação dos seus
resultados.

A Agência Europeia para a Segurança Alimentar, que está a avaliar o
estudo de Séralini, já tentou por duas vezes, mas sem sucesso, obter
junto do investigador os dados completos do seu trabalho. Cerca de 700
cientistas, de 40 países, assinaram uma petição pedindo o mesmo a
Séralini.

http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1568448

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