quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O milho a caminho da auto-suficiência

25-10-2012

Pedro Torres é empresário agrícola e director-geral da Valinveste. A
sua actividade está maioritariamente centrada na fileira do milho e é
co-organizador da Feira Agroglobal.

abolsamia: A produção nacional de milho não supre as necessidades de
consumo interno. A prazo podemos atingir a auto-suficiência ou é uma
meta difícil de realizar?
Pedro Torres (PT): Somos um país ainda deficitário, principalmente no
que respeita ao milho que vai para a indústria das rações, que é o
destino por excelência do milho enquanto grão forrageiro. Em números
aproximados poderão ser comercializadas em Portugal 400.000 toneladas
e o consumo nacional será de 1 milhão ou um pouco mais. Existe também
a realidade a Norte do país em que predomina a produção para silagem e
auto-consumo.

Mas a produção vai seguramente subir. Uma das causas é o preço dos
cereais estar muito alto, o que permite levar a cultura a zonas onde
esta é um pouco mais dispendiosa. A outra resulta de uma situação que
não tem, actualmente, paralelo em muitos países; a possibilidade de,
em resultado de Alqueva, podermos aumentar de modo significativo a
nossa área de regadio. O Alqueva pode beneficiar cerca de 130 a
140.000ha, dos quais ainda muitos estão por aproveitar. Na maior parte
dos países que necessitam de regar ouvimos falar não em crescimento do
regadio mas em restrições no uso da água para rega.

Os níveis de produtividade obtidos na região são elevados. Este
factor, conjugado com o preço atractivo, deverá fazer com que a
corrida ao investimento para adaptar ao regadio em parcelas
beneficiadas por Alqueva e também outras, venha a ser seguramente mais
rápida do que se previa. A um nível médio de produtividade, devemos
estar a 40 ou 50.000 ha da auto-suficiência em termos de milho, o que
me parece possível, obviamente num contexto de preço internacional
aceitável. Tal era inimaginável há uns tempos atrás.

abolsamia: A adesão ao regadio no Alqueva tem sido elevada, ou há dificuldades?
PT: Se o sistema de produção é rentável o mercado acaba por ajudar a
ultrapassar as dificuldades e tudo aparece resolvido, sem normas
oficiais que obriguem os proprietários a este ou àquele procedimento.
Umas vezes são os próprios proprietários que se interessam por uma
actividade em que até aí não tinham pensado, outras vezes a solução é
encontrada fazendo transacções, e noutros casos através de parceiros,
fazendo sociedades. Não gosto de ouvir falar em terras abandonadas
pois tal só acontece quando não existe para elas solução económica
viável.

Continuação aqui: http://www.abolsamia.pt/pdf/noticias/milho.pdf

http://www.abolsamia.pt/news.php?article_id=2718

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