domingo, 11 de novembro de 2012

Ambientalistas sugerem a criação de ‘PAC Florestal’

Proposta também inclui aumento de impostos para propriedades rurais
que produzem menos.



Por Tiago Miranda - Agência Câmara de Notícias

Ambientalistas e pesquisadores defenderam nesta terça-feira (6) a
adoção de ações governamentais para desenvolver a economia 'verde' no
Brasil. Eles participaram do 6º Simpósio Amazônia: Desenvolvimento
Regional Sustentável das Regiões Norte e Nordeste, organizado pela
Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento
Regional. Para o técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Jorge Hargrave é necessário criar
incentivos adequados e condições gerais mais apropriadas para
desenvolver a economia verde, que significa crescimento econômico que
leve em conta também fatores ambientais e sociais. "O Estado
brasileiro poderia induzir setores para áreas mais sustentáveis",
disse Hargrave. Segundo ele, boa parte dos investimentos estatais
atuais se destina a produtos que não terão utilidade daqui a 50 anos.

Segundo o presidente Comissão da Amazônia, deputado Wilson Filho
(PMDB-PB), ao final do encontro será enviada uma carta à presidente
Dilma Rousseff com sugestões para o desenvolvimento sustentável das
regiões Norte e Nordeste. "O diálogo e entendimento são os meios mais
eficazes para bons resultados", afirmou o parlamentar. Maurício
Amazonas disse que a economia verde precisa ser aliada a um processo
de inclusão social para ser efetiva. "A desigualdade é condição
necessária para que o padrão atual de consumo se mantenha. Ele tem de
ser repensado e isso só pode acontecer se houver inclusão", afirmou
Amazonas.

Dilema

O diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
(Ipam), Paulo Moutinho, disse que é necessário quebrar o dilema do
crescimento econômico versus preservação ambiental. "Precisamos
quebrar esse raciocínio e passar para outro em que a preservação
ambiental seja alavanca para o crescimento econômico."

Segundo ele, é necessário ter mecanismos de governança, algo como um
PAC Florestal, para o assegurar o desenvolvimento sustentável e a
economia verde ganharem força. "Sem agricultura forte e pecuária
intensificada é impossível manter floresta em pé", afirmou.

Desmatamento

O engenheiro florestal e pesquisador do Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia (Imazon) Paulo Barreto afirmou que o Brasil pode
atender demandas de crescimento da produção agropecuária sem continuar
desmatando a Amazônia. O Brasil possui 10 milhões de hectares de áreas
desmatadas para pasto ainda não utilizados, chamado de "pasto sujo".
Essa área é do tamanho de toda a área plantada de cana de açúcar do
País, explicou Barreto. E mais de 80% desse total está em 13
municípios. "Se conseguirmos melhorar a produtividade nos pastos
atuais não será necessário desmatar mais. Temos muito desperdício e
podemos melhorar muito a produção", afirmou.

Uma sugestão para favorecer a utilização das terras sem ampliar o
desmatamento, segundo o pesquisador, é vincular o Imposto Territorial
Rural (ITR) à produtividade obtida na propriedade. "Isso vai gerar
mais emprego e oportunidade para quem está produzindo e diminuir a
especulação da terra", disse. O presidente da Comissão de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Sarney Filho (PV-MA),
criticou as políticas de governo, as quais, segundo ele, estão alheias
à crise climática sofrida pelas regiões Norte e Nordeste, dificultando
o desenvolvimento sustentável.

Sarney Filho lembrou que o Nordeste passa pelo pior período de seca
dos últimos 83 anos. Cerca de 180 municípios do semiárido nordestino
já decretaram estado de emergência. "Espero que esta Casa saiba
aproveitar essa oportunidade para influenciar as políticas de
governo."
Agência Câmara de Notícias/EcoAgência

http://www.ecoagencia.com.br/?open=noticias&id=VZlSXRFWWNlYHZEWX1GdXJFbKVVVB1TP

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