quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Com a campanha de milho a chegar ao fim chega a hora de fazermos um balanço!

(*) Este artigo foi publicado como editorial no Boletim de Novembro da Anpromis
Publicado em 15/11/2012


João Coimbra

Numa altura em que o país se encontra numa agonia coletiva é o sector
que está de parabéns uma vez que assistimos hoje a um sector animado
com os seus resultados, a gerar riqueza, a investir e a criar
empregos.

Entre muitas outras evidências, acabámos por confirmar a vitalidade do
sector em iniciativas como a Agroglobal: um evento de excelência e
referência para todo o setor. Mais do que uma mostra do que o melhor
se faz em Portugal na área das grandes culturas como o milho, foi um
sinal de um sector dinâmico que atrai investidores e empresas que
apostam fortemente na sua visibilidade. A Agroglobal 2012, à
semelhança dos anos anteriores, acaba por ser um importante ponto de
encontro de todos os sectores comerciais e institucionais.

Este ano também os agrupamentos associados da ANPROMIS, cientes dos
riscos comerciais que a campanha trazia (maior área mundial de milho
das últimas décadas) e de forma a protegerem o sector dos fortíssimos
riscos da volatilidade, apostaram em novas estratégias de
comercialização, antecipando as vendas e promovendo a comercialização
do produto em larga escala, assegurado uma cotação bastante
confortável para os produtores.

Quando iniciámos a campanha, Portugal atravessava um período de seca
extrema o que nos levou a sentir a grande vantagem da existência do
regadio nas diferentes zonas de produção. Independentemente das
condições climatéricas, foi-nos possível semear em condições
desfavoráveis, uma vez que as reservas de água estavam asseguradas na
maioria das nossas explorações.

Chegados os meses quentes de verão assistimos à maior seca dos últimos
50 anos nos EUA e nas grandes áreas produtoras de milho no leste
europeu. Quantos de nós não nos teremos já interrogado sobre a mais
valia e o potencial dos nossos regadios?

Com estes fenómenos climatéricos cada vez mais acentuados verificamos
que o nosso sistema produtivo baseado no regadio tem uma razão de ser
cada vez mais relevante. Só com uma aposta significativa no regadio é
possível enfrentar e ajudar a amortecer os nefastos efeitos da falta
de água.

Quando a legislação europeia teima em contrariar o investimento no
regadio, temos este ano a demonstração cabal da vantagem em possuirmos
sistemas de rega modernos e eficientes.

O investimento no regadio não só é prioritário como deve constituir
uma aposta estratégica para todo o sul da Europa e uma prioridade da
nossa agricultura de modo a assegurar as necessárias reservas de água
fundamentais à sustentabilidade dos nossos sistemas de produção.

Resta-nos ainda referir que temos aí o PRODER com as candidaturas à
ação 1.1.1, abertas em contínuo e com novas regras que vêm ao encontro
das nossas pretensões: acabar com as fileiras estratégicas, aumentar
as percentagem de apoio e introduzir mais valias ambientais.

Posto isto nunca é demais referir que devemos investir principalmente
na melhoria dos nossos sistemas de produção, tornando-os mais
competitivos ao nível do uso dos fatores de produção (energia e água),
privilegiando os investimentos em regadios mais eficientes e apostando
na drenagem dos nossos solos.

Com os stocks de milho ao nível mais baixo de sempre, espera por nós
um mercado avido da nossa produção.

Temos um produto de primeira necessidade que não é influenciado pela
contração do consumo a nível regional. Temos preço que remunera
devidamente o nosso produto. Temos capacidade de produção. Temos
vontade de produzir!

Quantos sectores podem afirmar o mesmo?

João Coimbra
Director da ANPROMIS - Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo


http://www.agroportal.pt/a/2012/jcoimbra.htm

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