sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Incêndios Florestais - 1,5 milhões de hectares em 11 anos

No presente ano registaram-se 20.969 ocorrências, menos 1.307
ocorrências abaixo da média registada entre 2002 e 2011, considerando
o período que vigora entre 1 de Janeiro e 15 de Outubro. Embora não
seja possível vislumbrar uma tendência degressiva, importa salientar a
presente redução, muito embora seja necessário manter e mesmo reforçar
os esforços de sensibilização e de educação, de vigilância e de
intervenção rápida em sinistros, de investigação criminal e adequação
da Justiça a crimes de natureza ambiental, social e económica.

Todavia, a par da diminuição das ocorrências, é evidente no presente
ano um aumento significativo da área ardida face a 2011. A área ardida
em 2012, no período de 1 de Janeiro a 15 de Outubro, cresceu 55% face
a 2011, sendo que mais de 45% correspondem a povoamentos florestais.
Embora abaixo da média registada entre 2002 e 2011, no presente ano os
valores de área ardida superaram os registados no quadriénio de 2006 a
2009.

Apesar das potenciais intersecções de áreas, no período entre 1 de
Janeiro e 15 de Outubro, arderam nos últimos 11 anos (2002-2012) mais
de 1.500.000 hectares, sendo que 53% destes correspondem a áreas de
povoamentos florestais.

Nas regiões com maior pressão demográfica persistem os maiores números
de ocorrências, muito embora se registem as menores áreas ardidas. Já
no interior, onde o êxodo rural é uma realidade, menores números de
ocorrências proporcionam significativas áreas ardidas, situação que
tende a agravar ainda mais o despovoamento, proporcionando ainda as
condições inerentes ao avanço de processos de desertificação.

Considerando os incêndios florestais uma consequência da nula ou fraca
rentabilidade dos solos de aptidão florestal, que inviabiliza
financeiramente a prática de operações de gestão florestal activa, a
Acréscimo insiste na necessidade do Ministério com a tutela adoptar
uma atitude pró-activa, que até aqui não tem tido:

Intervindo no acompanhamento das relações das cadeias
silvo-industriais, caracterizadas por relações win-lose, de oligopólio
industrial, sistematicamente desfavoráveis à silvicultura (produção e
exploração florestal), tal como comprovado pelas estatísticas
específicas do INE; Assegurando por si ou em parceria com o
associativismo agroflorestal e empresas técnicas um serviço nacional
de extensão rural, proporcionando aos proprietários com superfícies
florestais as condições mínimas de assessoria técnica, que lhes
permita uma gestão activa das suas propriedades de acordo com as
melhores práticas silvícolas; e, Investindo na investigação aplicada,
no sentido de aumentar a produtividade florestal, no respeito pelos
requisitos da gestão florestal sustentável, adoptando as melhores
práticas silvícolas, bem como para a quantificação e qualificação dos
serviços ambientais e de outras produções associadas aos espaços
florestais e silvestres.

O anunciado adiamento da concretização do cadastro rústico não é um
bom presságio para a redução do impacto dos incêndios florestais em
Portugal, tal como o não é para o combate à proliferação de pragas e
de doenças que cada vez mais afectam os ecossistemas florestais
nacionais. A irresponsável proposta legislativa para a massificação do
eucaliptal em regiões de minifúndio também não ajuda à credibilidade
do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do
Território.

As oscilações dos números ao longo dos anos, comprovam que o
Ministério com a tutela das florestas não está a desempenhar
cabalmente as funções que lhe estão atribuídas, com claros prejuízos
para os contribuintes e para a Sociedade Portuguesa.

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/11/16b.htm

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