sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Cordeiro Mirandês e Cabrito do Alentejo são produtos protegidos

08.11.2012 - 15:06 Por Alexandra Prado Coelho



É no Planalto Mirandês que existem "as culturas agrícolas que são a
base de sustentação dos rebanhos" É no Planalto Mirandês que existem
"as culturas agrícolas que são a base de sustentação dos rebanhos"
(Foto: Paulo Ricca)

A decisão é da Comissão Europeia. O Cordeiro (Canhono) Mirandês e
o Cabrito do Alentejo, passam a integrar respectivamente a lista de
Denominação de Origem Protegida (DOP) e a de Indicação Geográfica
Protegida (IGP).


O Cordeiro Mirandês, da raça Churra Galega, é criado no Planalto
Mirandês (concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro) e,
sublinha o caderno de especificações para a denominação DOP, "é desde
há muitos anos o garante da sobrevivência das populações da região".

Para um produto ser considerado DOP é necessário, precisamente, que
seja provado que é originário de um determinado local, que lhe deu o
nome, e que tem uma forte ligação com essa região – ou seja, que as
suas características estão intimamente ligadas ao clima, tipo de
alimentação e formas de produção locais.

É no Planalto Mirandês, refere o caderno, que existem "as culturas
agrícolas que são a base de sustentação dos rebanhos, assim como os
factores humanos necessários à boa condução e maneio dos animais".
Condições às quais se soma "o saber cortar e a forma de manusear a
carne e de realizar a desmancha da carcaça". O documento salienta
ainda que esta carne é apresentada em vários pratos tradicionais da
região, como o Ensopado de Cordeiro Mirandês, o Cordeiro Mirandês
assado na brasa, e a Caldeirada de Cordeiro Mirandês.

Quanto ao Cabrito do Alentejo, foi-lhe reconhecida a Indicação
Geográfica Protegida, o que significa que "pelo menos uma parte do seu
ciclo produtivo tem origem no local que lhe dá o nome", o que permite
ligar algumas das características do produto "aos solos, ao clima, às
raças animais, variedades vegetais ou saber fazer das pessoas" da
região.

Tratam-se de animais (neste caso o cabrito de leite) de raça Caprina
Serpentina, que deverão estar inscritos no Livro de Registo Zootécnico
ou no Livro Genealógico de Raça Caprina Serpentina. A Qualifica,
entidade que certifica produtos tradicionais portugueses, descreve a
carne como tendo "um baixo teor de tecido adiposo", que permite aos
animais mais jovens terem uma "gordura de cor branca e carne pálida".

Para limpar as matas

Ainda segundo a Qualifica, não é fácil determinar a origem destes
caprinos portugueses. A existência de caprinos no Alentejo é conhecida
"desde sempre", apesar de muitas vezes não se lhes atribuir grande
valor, sendo utilizados sobretudo para manter a limpeza das matas. "A
referência mais antiga ao consumo de cabrito encontra-se no Livro de
Cozinha da Infanta D. Maria, datado da época de quinhentos", refere. O
nome Serpentina tem a ver com o território original da Serra de Serpa,
de onde estes caprinos se estenderam depois para todo o Alentejo.

Portugal já tem uma série de produtos reconhecidos como DOP pela
legislação europeia, entre os quais azeites de diferentes regiões,
carne de bovinos, caprinos, suínos e ovinos, frutos frescos, secos,
queijos e doces. Entre os IGP destacam-se muitos enchidos.

Para além dos produtos portugueses agora integrados nas listas DOP e
IGP, a Comissão Europeia acaba também de reconhecer os espargos
alemães da região de Abensberg (IGP); as cerejas italianas Ciliegia di
Vignola (IGP); os mariscos (vieiras) de ilha britânica de Man (DOP); e
a kraska panceta, produto tradicional de charcutaria seca da Eslovénia
(IGP).

http://www.publico.pt/Local/cordeiro-mirandes-e-cabrito-do-alentejo-sao-produtos-protegidos-1571609

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