domingo, 4 de novembro de 2012

Parques de Sintra afasta director e fundador da Escola de Arte Equestre

Monte da Lua


03.11.2012 - 19:30 Por Liliana Pascoal Borges

"Debilitados e mal aproveitados" é como António Lamas descreve os
cavalos da EPAE, escola que integra a Monte da Lua desde Setembro
"Debilitados e mal aproveitados" é como António Lamas descreve os
cavalos da EPAE, escola que integra a Monte da Lua desde Setembro
(Miguel Manso)

Depois de três décadas a dirigir a Escola Portuguesa de Arte
Equestre, Filipe Figueiredo foi dispensado. Integrada há dois meses na
Parques de Sintra, a EPAE está a ser alvo de uma reestruturação
profunda.


O cavaleiro e veterinário do Ministério da Agricultura que dirigiu a
Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE) desde a sua formação, em
1979, Filipe Figueiredo (Graciosa), foi afastado do seu cargo. A
decisão coube à sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua, que detém
desde o início de Setembro a gestão da EPAE, que antes pertencia à
Fundação Alter Real.

António Lamas, presidente da sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua,
explica que a decisão do afastamento de Filipe Figueiredo era
inevitável face à reestruturação da escola. "O Filipe Figueiredo
dirigia a escola há mais de 25 anos e na minha opinião ninguém deve
estar à frente de uma instituição tanto tempo", justifica António
Lamas. Além disso, defende a utilidade de "ser alguém novo que integre
esta renovação de que a EPAE está a ser alvo".

A derradeira razão que terá levado à decisão reside no estado de
"desorganização e degradação das instalações da escola". Esta
situação, explica, "não poderia deixar de ser associada e atribuída às
responsabilidades de quem estava na direcção da escola".

Depois de mais de três décadas a dirigir a EPAE, Filipe Figueiredo foi
surpreendido pela decisão. "Não estava à espera de ser totalmente
afastado. Esperava que contassem ao menos com algum tipo de apoio,
como director artístico, por exemplo", declara, acrescentando que a
auditoria realizada em Setembro foi favorável à continuidade do seu
trabalho. António Lamas desvaloriza o afastamento do director. "Há
toda uma equipa a trabalhar, a escola não era só o Filipe Figueiredo."

Por seu turno, o cavaleiro acredita que o seu contributo poderia ainda
ser útil para a instituição. "Conheço as pessoas todas do meio, tenho
relações pessoais e conhecimentos no mundo inteiro." "Algumas vezes,
os cavalos só tiveram que comer porque era eu a fazer os pedidos",
sustenta o ex-director da EPAE. Segundo António Lamas, esta era uma
situação que acontecia com uma regularidade assustadora. "A escola já
não tinha sequer condições para garantir a alimentação dos cavalos, os
animais estavam absolutamente debilitados quando a administração nos
foi entregue."

Actualmente, a escola tem a seu cargo 44 cavalos lusitanos, mas este
número poderá diminuir, uma vez que, explica António Lamas, "alguns
animais estão tão diminuídos que terão de ser devolvidos" à Coudelaria
de Alter do Chão. Outros, acrescenta, poderão, eventualmente, ser
"reabilitados". Este responsável garante que, seja a fundação ou outra
entidade a ficar com a gestão da coudelaria (onde são criados os
cavalos da escola, fundada em 1748 por D. João V), o acordo que existe
entre esta e a EPAE é independente dessas decisões. "Pior do que o que
estava não pode ficar", garante, uma vez que "a relação no que se
refere a efectivos equestres era péssima e a escola já não recebia
cavalos desde 2007".

Para António Lamas, a EPAE constituía um peso para a Fundação Alter
Real. Por sua vez, Filipe Figueiredo acusa a fundação de se ter
"demitido das suas funções" e acredita que a decisão será a sua
extinção. Para o cavaleiro, os problemas remontam à sua criação, em
2007, quando passou a desempenhar as funções de vários serviços do
Ministério da Agricultura. O fim, sustenta, era inevitável.

O Governo deu até final de Outubro para que os parceiros privados da
Fundação Alter Real apresentassem propostas de viabilização económica
para a instituição. No entanto, na quarta-feira, o Ministério da
Agricultura ainda não tinha recebido nenhuma proposta, mas não
confirma o fim da fundação. Na próxima segunda-feira haverá uma
reunião entre os membros da fundação em que se prevê que seja tomada
uma decisão final.

http://www.publico.pt/Local/parques-de-sintra-afasta-director-e-fundador-da-escola-de-arte-equestre-1569935

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