segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

António Valério Maduro apresentou livro “Cister em Alcobaça”

Com base na sua tese de doutoramento


    António Maduro, Rui Rasquilho e Eduardo Gonçalves    António Valério Maduro apresentou, no dia 17 de janeiro, no auditório da Biblioteca Municipal de Alcobaça, o seu livro Cister em Alcobaça –Território, Economia e Sociedade (séculos XVIII-XX), que constitui uma síntese da sua tese de doutoramento concluída em 2007 na Universidade de Coimbra. Uma obra que Rui Rasquilho, ex-diretor e presidente da Associação dos Amigos do Mosteiro de Alcobaça, considerou "um primor de investigação, transcrita numa prosa escorreita e límpida", o que muitas vezes não acontece em obras académicas. O historiador defendeu que esta obra pode ser considerada a continuação dos trabalhos de historiografia rural do Prof. Joaquim Vieira Natividade (1899-1969). 

   Perante cerca de meia centena de pessoas, Margarida Neto, membro do júri da tese de doutoramento do autor e Professora da Universidade de Coimbra, considerou que António Maduro tem especiais capacidades para estudar a história rural, recordando também que o projeto inicial do doutorando foi podado por sua iniciativa, circunscrevendo o tempo de estudo aos últimos séculos XVIII, XIX e início do XX, em vez de o estender até à Idade Média, o que contribuiu para um estudo mais aprofundado da temática em causa. 

   Aurélio de Oliveira, também membro do júri da tese de doutoramento do autor, sublinhou as qualidades do autor, que "não vê o mundo rural com olhos de fora, mas com olhos de quem o conhece." O Professor Catedrático da Universidade do Porto classificou este livro como sendo de sociologia rural, contribuindo para explicar o atraso da agricultura portuguesa, que, na sua opinião, não se deve às condições edafoclimáticas dos terrenos agrícolas, como muitos defenderam durante séculos, mas à burocracia, desregulação dos mercados e fiscalidade desajustadas no setor agrícola.

   A finalizar, António Maduro recordou ter sido sua a opção de estudar o passado rural da sua terra, alertando que "Alcobaça tem de garantir que o passado tem futuro" e que "o passado não é um fardo", mas um fator de progresso. O historiador admite que "Alcobaça tem vindo a melhorar neste capítulo, embora não, talvez, ao ritmo que os alcobacenses gostariam", dando como exemplos positivos, nos últimos anos, a criação do Parque dos Monges e a reabertura do Museu do Vinho de Alcobaça. 

   O autor alertou também que o Mosteiro de Alcobaça não pode continuar a ser encarado como um conjunto de pedras sem o correspondente enquadramento territorial, económico e social cisterciense, defendendo assim a criação de roteiros turísticos integrados e explicativos, para os quais muito poderão contribuir o Museu do Vinho de Alcobaça e o futuro Museu dos Coutos de Alcobaça.

   Cister em Alcobaça –Território, Economia e Sociedade (séculos XVIII-XX) tem cerca de 700 páginas, custa 30 euros e é uma edição do ISMAI- Instituto Universitário da Maia, que se fez representar nesta apresentação pelo Prof. Eduardo Gonçalves.

   Mário Lopes

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