segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Crise empurra frutas para fora

Agricultura: Redução no consumo exige reforço da exportação
A "drástica" redução no consumo pelos portugueses e os "maus" preços
pagos à produção, estão a obrigar os agricultores a procurar novos
mercados e a apostar na exportação. Este ano é esperado um aumento de
cem milhões de euros nas exportações de frutas, flores e legumes, que
deverão atingir os mil milhões de euros, representando 25 por cento do
sector agro-alimentar.
12 Fevereiro 2012Nº de votos (2) Comentários (0)
Por:Isabel Jordão

"Prevemos muitas dificuldades para os próximos dois a três anos, com
quebras no consumo de 20 a 30 por cento no mercado nacional", diz
Manuel Évora, presidente da associação Portugal Fresh, que visa a
promoção das frutas, legumes e flores, adiantando que aos produtores
não resta outra opção que não seja "retirar os produtos do País e
coloca-los no estrangeiro, onde se conseguem vender por um preço
justo".

"Vamos ter de criar ´fome´ junto dos portugueses pelos hortofruticolas
produzidos no País, que são de maior qualidade que as importados, para
que isso possa gerar uma maior procura e um aumento do preço pago ao
produtor, que neste momento não consegue obter um preço justo pelo que
produz", defende o presidente da Portugal Fresh, adiantando que neste
momento os agricultores se sentem "esmagados" e têm "necessidade" de
colocar os seus produtos fora do País.
"É uma questão de sobrevivência. Temos de encontrar mercados que
paguem um preço justo", frisa Manuel Évora, destacando, no entanto,
que a subida das exportações, apesar de "realista", está a ser
dificultada por barreiras alfandegárias e fito-sanitárias.
Por exemplo, um agricultor português que queira exportar para a
América Latina tem de pagar uma taxa de 13,5 por cento de imposto à
entrada dos seus produtos no País, enquanto os produtores espanhóis
não pagam nada, por ter assinado acordos bilaterais com esses países.
"O Peru é um bom destino, pelo seu crescimento da economia e apetência
para comprar fora, mas se eu tiver pagar imposto para colocar lá os
meus produtos deixo de ser competitivo", explica.
Outro exemplo vem da África do Sul, onde a falta de um acordo
bilateral impede os produtores portugueses de colocar os seus
produtos, devido à existência de barreiras fito-sanitárias, apesar de
Portugal ser dos países com maior controlo ao nível da segurança e
higiene alimentar. "Importamos imenso da África do Sul mas se
quisermos exportar para lá o que produzimos a Portugal temos de o
fazer a partir de Espanha".
A Europa, sobretudo Espanha, é o maior consumidor da produção
nacional. No mercado dos hortícolas a França é também um grande
cliente. Na fruta, destaca-se também a Inglaterra. O Brasil é o maior
mercado internacional da pêra rocha, depois de Inglaterra.
O sector hortofrutícola é o maior gerador de emprego na agricultura,
representando 150 mil postos de trabalho, sobretudo jovem e
qualificado. Um hectare de fruta gera em média um posto de trabalho e
um hectare de hortícolas de ar livre de dois a três postos de
trabalho, enquanto um hectare de culturas em estufa necessita de seis
trabalhadores.
Existem em Portugal mais de cinco mil produtores de diversão dimensão
e tipologia, parte dos quais – 12 a 15 por cento - estão agrupados em
organizações de produtores, para facilitar a colocação dos seus
produtos nos diversos mercados.
"Para termos uma agricultura organizada necessário potenciar as
organizações de produtores, actualmente na ordem de uma centena, para
que o sector produtivo se apresente forte e com capacidade negocial",
defende Manuel Évora.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/economia/crise-empurra-frutas-para-fora

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