sábado, 23 de novembro de 2013

Acordo sobre clima obtido em Varsóvia é «frágil», diz Quercus

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A associação ambientalista portuguesa Quercus classificou hoje como
"frágil" o consenso obtido na Conferência do Clima, em Varsóvia, que
antecede o acordo global sobre redução de gases de estufa que deverá
ser obtido em 2015.

Após uma "maratona negocial", as delegações de quase duas centenas de
países, desenvolvidos e em desenvolvimento, "perderam uma
oportunidade" para "definir um caminho claro" no sentido do acordo
global e vinculativo que se pretende atingir na cimeira agendada para
Paris, em março de 2015, resume a Quercus - Associação Nacional de
Conservação da Natureza, em comunicado enviado à agência Lusa.

A apreciação que a Quercus faz do acordo alcançado hoje, após duas
semanas de negociações e ultrapassado o período previsto para o fim da
conferência (sexta-feira), divide-se em "objetivos frustrados" e
"grandes desilusões".

Recordando que, pela primeira vez, um grupo de organizações não
governamentais de ambiente e desenvolvimento "saiu das negociações em
protesto", acusando os países de "colocarem determinados interesses
acima dos cidadãos do planeta", a Quercus considera que as delegações
reunidas em Varsóvia não conseguiram "traçar um calendário que dê
tempo suficiente para se ir atingindo consensos" até 2015.

A acrescentar a isso, enfraqueceram o "compromisso" de cada Estado
face à redução das emissões, transformando-o antes em "contributo", o
que, na opinião dos ambientalistas portugueses, abre caminho a "um
final de insucesso semelhante à conferência de Copenhaga em 2009".

A Quercus destacou como positivos "os compromissos de financiamento de
longo prazo, em particular para o Fundo Verde para o Clima, essenciais
para permitir a muitos países lidar com a adaptação a um clima em
mudança" e o apoio a "tecnologias menos poluentes, investimentos em
energias renováveis e eficiência energética".

Reconhecendo que a União Europeia foi responsável por "diversas
iniciativas" na cimeira, a Quercus assinala que a organização acabou
por não dar "os incentivos necessários para desbloquear as discussões
sobre ações climáticas de curto prazo" e que "poderia tê-lo feito,
movendo a sua meta de redução das emissões até 2020 para 30 por cento
e proporcionando uma promessa ambiciosa de financiamento climático".

Na reunião, Portugal, que ocupa o terceiro lugar no índice no
desempenho climático dos países industrializados, "foi considerado um
exemplo de como lidar com a crise económica", referiu a Quercus.

Ainda que alguns investimentos "comprometam a biodiversidade e a
integridade de áreas classificadas e relevantes para a conservação da
natureza", Portugal "melhorou a sua posição", reconhece a associação,
frisando, porém, que essa posição pode vir a estar "ameaçada pela
política menos construtiva do atual Governo, que já abrandou alguns
dos investimentos benéficos, em particular nas energias renováveis".

No final da conferência, o ministro do Ambiente português reconheceu
que o "desafio das alterações climáticas" coloca "grandes riscos e
grandes oportunidades" a Portugal.

Jorge Moreira da Silva sublinhou que o país tem "condições únicas"
para obter resultados "na economia verde e de baixo carbono",
defendendo que a crise deve ser encarada como razão para reforçar a
"responsabilidade política, cívica e empresarial em matéria de clima e
de energia".

Diário Digital com Lusa

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=670555

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