domingo, 17 de novembro de 2013

Associação quer travar a perda de biodiversidade através da recolha de sementes

A Associação Colher para Semear elabora anualmente um catálogo para
distribuir aos mais de 500 associados, em cuja última edição figuram
mais de 800 variedades de sementes com potencial agrícola e alimentar

A Associação Colher para Semear (ACPS) está a proceder a um
levantamento das mais diversas variedades de sementes para ajudar a
"travar" a perda da biodiversidade agrícola não só em Portugal, mas
também a nível mundial.

"Gostaríamos que as espécies de sementes tradicionais de cada região
pudessem voltar a ser comercializadas, em detrimento de espécies
híbridas que estão a circular no mercado", disse à Lusa Graça Ribeiro,
dirigente da ACPS.

A associação tem percorrido os mais diversos pontos do país para
recolher e catalogar sementes em vias de extinção, e este ano está
concentrada no concelho transmontano de Vimioso, em parceria com a
Associação ALDEIA.

Portugal é um país "rico" do ponto de vista da biodiversidade, havendo
sementes que vão passando de geração em geração e que se adaptam com
"facilidade" às necessidades agrícolas de cada uma das regiões do
país.

"Muitas das espécies de sementes existentes em Portugal estão em vias
de extinção e a cada ano que passa muito deste património agrícola se
perde", acrescentou a responsável.

Os especialistas entendem que basta que o cultivo de espécies
agrícolas autóctones pare durante quatro ou cinco anos para que se
perder a sua semente e a referência de produtos agrícolas de
"excelente qualidade alimentar" por elas produzidos e que dificilmente
serão recuperáveis.

Como exemplo de recuperação das espécies de sementes, Graça Ribeiro,
aponta a cultura do Chícharo, uma leguminosa que estava em vias de
extinção, "já que estava associada à pobreza", e agora está em franca
recuperação, dado o seu potencial alimentar.

A Associação Colher para Semear elabora anualmente um catálogo para
distribuir aos mais de 500 associados, em cuja última edição figuram
mais de 800 variedades de sementes com potencial agrícola e alimentar.

"Deste catálogo, os nossos associados escolhem um certo número de
variedades para cultivo e depois devolvem à associação parte das
colheitas das sementes para que sejam guardas para futuras gerações",
frisou.

Por seu lado, Isabel Sá, da Associação ALDEIA, refere que está a ser
feito um levantamento de sementes em toda a Terra Fria transmontana
que estarão disponíveis para quem as pretenda cultivar.

Estes são pontos em debate, na iniciativa "Ao Encontro da Semente" que
decorre em Vimioso até domingo e que pretende, através de palestras e
debates, elucidar as populações e os instigadores na área da
biodiversidade para a importância das sementes no futuro da
agricultura tradicional.

A Associação Colher para Semear tem criado um banco de sementes
através de recolhas feitas em todo o país para precaver "a escassez
deste património" que assenta na biodiversidade agrícola de cada
região.

O banco de sementes conta neste momento com mais de 2.000 variedades,
oriundas de diversas regiões do país.

*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

http://www.ionline.pt/artigos/portugal/associacao-quer-travar-perda-biodiversidade-atraves-da-recolha-sementes/pag/-1

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