domingo, 7 de junho de 2015

Angola procura «novo ímpeto» nas relações com a China



O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, inicia na segunda-feira a sua primeira visita à China em quase sete anos, numa viagem encarada em Pequim como uma oportunidade para «injetar um novo ímpeto» nas relações bilaterais.


A visita, de seis dias, ocorre num período em que a queda do preço mundial do petróleo está a afetar negativamente a economia angolana, e em particular o valor das suas exportações para a China.
As "amigáveis relações" sino-angolanas são baseadas na "confiança política recíproca" e "tornaram-se um modelo da cooperação mutuamente vantajosa que a China mantém com os países africanos", disse um porta-voz do MNE chinês.
"Vários acordos de cooperação" serão assinados durante a visita, indicou o porta-voz, sem adiantar pormenores.
Eduardo dos Santos chega a Pequim na segunda-feira, mas o programa oficial, incluindo a cerimónia de boas vindas, no Grande Palácio do Povo, no centro da capital chinesa, só começará na terça-feira.
Além do homólogo chinês, Xi Jinping, que é também secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Eduardo dos Santos vai encontrar-se com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e com o presidente da Conferência Política Consultiva do Povo, (uma espécie de senado, sem poderes legislativos), Yu Zhengsheng.
O programa inclui uma deslocação num comboio de alta velocidade até Tianjin, o maior porto do norte da China, a cerca de 120 quilómetros de Pequim.
A China absorve cerca de metade do petróleo exportado por Angola, em troca de financiamentos às empresas chinesas envolvidas na reconstrução nacional naquele país, nomeadamente estradas, caminhos-de-ferro e habitações.
Segundo fontes chinesas, o montante dos empréstimos e linhas de crédito concedidos pela China a Angola desde 2004, através de vários bancos estatais, ronda os 15 mil milhões de dólares (13,5 mil milhões de euros).
Em 2014, o valor das exportações de Angola para a China diminuiu 2,67%, para cerca de 31.000 milhões de dólares (27,8 mil milhões de euros), enquanto as suas importações da China subiram 50,7%, para 5.970 milhões de dólares (5.370 milhões de euros).
No primeiro trimestre deste ano, as exportações angolanas para a China caíram ainda mais (50,3%) e as exportações chinesas para Angola continuaram a aumentar (54,1%).
O efeito da queda do preço do petróleo na economia angolana foi abordado em abril passado em Pequim pelo ministro de Estado de Angola, Edeltrudes Costa.
"A nossa parceria estratégica ganha ainda maior significado no atual contexto económico e financeiro internacional, caracterizado pela incerteza", disse Edeltrudes Costa, num encontro com um vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang.
A visita de Eduardo dos Santos coincide também com a diversificação dos investimentos chineses em Angola, desejada por Luanda.
Um grande consórcio estatal vai investir este ano 5.000 milhões de dólares numa herdade de 500.000 hectares em Angola, para "ajudar a reduzir a dependência alimentar" daquele país, anunciou o China Daily, no final de 2014.
Será o segundo investimento da CITIC Construction Co na agricultura angolana e destina-se à produção de soja, milho e trigo, indicou o responsável da empresa para as operações em África, Liu Guigen.
Presente em Angola desde 2008, aquela empresa é conhecida sobretudo pela construção de Kilamba Kiaxi, uma cidade satélite de Luanda, a cerca de 30 quilómetros do centro da capital angolana.
José Eduardo dos Santos visitou a China em dezembro de 2008, quatro meses depois de ter assistido à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim.
Xi Jinping foi recebido em Luanda em 2010, quando era ainda vice-presidente da China, e o primeiro-ministro, Li Keqiang, esteve em Angola no ano passado.
Dinheiro Digital com Lusa

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