sábado, 13 de junho de 2015

Vinhos do Tejo: castas únicas que ganham terreno em todas as frentes



 29 Maio 2015, sexta-feira  Ana Clara Viticultura

Os vinhos do Tejo ganham cada vez mais prestígio e terreno no país. Além da produção e do crescimento internacional, as castas competem atualmente no mercado doméstico com outras regiões consideradas mais fortes, como o Alentejo e o Douro, por exemplo. No final de 2014, dados da mediadora Nielsen, a que o Agronegócios teve acesso, davam conta de que os Vinhos do Tejo, em comparação com o período homólogo, cresceram mais de 6% no mercado interno, o que corresponde a um volume de vendas superior a 4,6 milhões de litros. Fomos à procura de produtores que corroboram os números e falamos com a Casca Wines, que deu a receita do sucesso: «alargar referências de vinhos, ganhar escala e ter selo de qualidade».
vinhostejo

A procura dos vinhos desta região tem aumentado de ano para ano, sendo que os consumidores portugueses reconhecem hoje a qualidade dos vinhos. Esta é pelo menos a convicção dos produtores.
Prova disso mesmo é o investimento que a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) teve em 2014 em promoção dos vinhos da região nos mercados nacional e internacional, e que rondou um milhão de euros.
Mas é no exterior que o comportamento da notoriedade da marca Vinhos do Tejo mais sucesso tem revelado, não só ao nível das exportações mas também dos prémios que as castas têm conquistado.
A imagem do mercado interno também mudou, como já foi dito. O consumidor desperta para a nova realidade, sensibilizados pelas ações de promoção dos produtores e da CVRT.
Um outro efeito desta crescente notoriedade é o maior número de marcas da região disponíveis nas principais redes de retalho alimentar.
Nos últimos anos, os Vinhos do Tejo têm sido reconhecidos internacionalmente em diversos concursos. Destacamos o último, o "Concours Mondial de Bruxelles", um dos mais valorizados concursos vínicos do mundo, em que os Vinhos do Tejo receberam 32 medalhas: dez de ouro e 22 de prata. A competição ocorreu entre os dias 1 e 3 de maio de 2015 na cidade italiana de Jesolo.
Casca Wines, um exemplo de crescimento gradual

O Agronegócios falou com dois produtores que representam a região, e que pertencem à Casca Wines – Produção e Comercialização de Vinhos, um projeto de enólogos que decidiram criar uma marca de vinhos portugueses com carimbo de «grande qualidade».
«Um projeto que apenas utiliza as melhores uvas de cada região e que procura reavivar as tradições únicas de Portugal», garantem Hélder Cunha (fundador e enólogo) e Alexandre Tirano, diretor).
A Casca Wines, em atividade desde 2008, produz vinhos em várias regiões e procura «reavivar as tradições de cada uma delas».
«Produzimos desde espumante, a vinhos tranquilos e fortificados. No Tejo produzimos um vinho da casta Fernão Pires de uma vinha com 115 anos na zona da Padilha em Almeirim», explicam os produtores.
No total das regiões a Casca Wines vendeu em 2013 cerca de 150 mil garrafas e em 2014 210 mil. «O crescimento de 2013 para 2014 está a acontecer também este ano e dessa forma estimamos estar por volta das 400 mil garrafas em breve», afiançam.
vinhosdotejo
A exportação desta empresa ronda os 40 e os 50%. «E este ano deverá estar nos mesmos valores. Somos uma empresa focada na exportação e esta terá tendência a aumentar mas queremos que o mercado nacional seja sempre o maior mercado», consideram os responsáveis.
Vendem em mais de 20 países, com destaque para os Estados Unidos da América (EUA), Canadá, Angola, China e países do Benelux (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo).
Nesta fase, afirmam, «a aposta é reforçar os países onde estamos» e «alargar vendas nesses e crescer assim».
Sobre a evolução do setor vitivinícola nos últimos anos no país, Hélder Cunha e Alexandre Tirano, consideram que a mesma «é muito positiva, mas ainda há muito caminho para fazer». «O melhor de tudo é a consistência em qualidade que nós, Portugal, estamos a criar e lá fora, no médio prazo, iremos ganhar muito com isso».
Sobre a mais-valia dos Vinhos do Tejo, os responsáveis da Casca Wines, dizem que «a vinha que produzimos no Tejo é única e isso por si só marca de forma distinta o nosso vinho».
No futuro, concluem, «estamos a alargar as referências de vinhos que produzimos para uma gama mais competitiva de forma a poder ganhar escala, aproveitando o selo de qualidade que criámos durante estes anos de vivência».
Vinhos do Tejo no coração do país

Localizada no coração do país, a região dos Vinhos do Tejo está imemorialmente ligada à produção de vinhos. É composta por um total de 17 mil hectares que produzem anualmente cerca de 650 mil hectolitros o que representa cerca de 10% do total nacional.
Destes são certificados cerca de 110 mil hectolitros dos quais 90% são vinhos com Indicação Geográfica Protegida (IGP) e 10% são vinhos com Denominação de Origem Controlada (DOC).
Das castas principais, destacam-se o Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah, Alicante Bouschet, Cabernet-Sauvignon, Merlot, Castelão, Aragonês Fernão Pires, Arinto, Verdelho, Sauvignon Blanc e ChardonnaY.
A Comissão Vitivinícola Regional do Tejo - CVR Tejo é o organismo interprofissional responsável pela certificação, controle, promoção e divulgação do Vinhos Tintos, Brancos, Rosés, Espumantes, licorosos e vinagres com a Denominação de Origem "DOTEJO" ,e Vinhos Tintos, Brancos e Rosés com Indicação Geográfica "Tejo".
O Agronegócios tentou falar com a CVR Tejo no sentido de obter uma posição sobre a evolução da região mas aquela Comissão não se mostrou disponível para responder às nossas questões. 

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