Investidores reforçam aposta nas matérias-primas em 2012

Investimento
Margarida Vaqueiro Lopes
06/01/12 11:09
Os preços do milho continuam a subir devido aos receios com o mau
tempo na Argentina e no Brasil.

As apostas dos investidores no mercado das 'commodities' subiram para
máximos de Agosto de 2010.
Depois de um ano difícil para os mercados, nada como olhar com
optimismo para um ano que ainda agora começou. E se em 2011 as
matérias-primas viveram o primeiro ano de perdas desde que a recessão
económica chegou, os investidores estão agora convencidos de que a
tendência não se vai manter durante os próximos meses.

Sinal disso: os investidores norte-americanos aumentaram em 18% as
suas apostas no mercado das matérias-primas para 2012, acreditando
numa subida generalizada dos preços. É o aumento mais significativo
desde Agosto de 2010, segundo os dados compilados pela agência
Bloomberg, que revela também que as escolhas dos investidores recaíram
sobre 18 diferentes futuros norte-americanos.
"Os Estados Unidos estão claramente a apostar nas 'commodities',
referiu James Paulsen, chefe de investimento da Wells Capital
Management, à mesma agência noticiosa. "Os dados relativos aos EUA
estão a sobrevoar a recessão. Há cada vez mais pessoas a dizer que
'talvez as coisas não estejam assim tão más'", referiu ainda o
responsável.
O índice S&P GSCI Total Return Index, que acompanha a evolução de 24
matérias-primas até escorregou 1,2% em 2011, mas em Dezembro passado a
confiança dos consumidores dos EUA disparou para máximos de oito
meses, levando os investidores olharem com mais optimismo para 2012,
ao anteciparem um aumento da procura nos primeiros meses do novo ano.
Também o facto de aquele índice ter acumulado ganhos trimestrais de 9%
entre Outubro e Dezembro - interrompendo dois trimestres seguidos de
perdas - deu um novo ânimo aos investidores, que na semana passada
viram 12 das 24 'commodities' do S&P GSCI valorizar. A liderar os
ganhos estiveram os cereais, com o trigo a disparar 6,2% em apenas
cinco sessões.
Também o algodão esteve em destaque, com uma subida de 5,2%, enquanto
o milho valorizou 5,3%, sendo o cereal que ocupa o lugar mais central
na mira dos investidores para os próximos meses.
O tempo quente e seco que se tem feito sentir na América do Sul está a
pôr em causa algumas colheitas na Argentina e no Brasil, o que deverá
impulsionar a subida do preço deste alimento. As matérias-primas
agrícolas são mesmo as que mais recolhem a preferência dos
investidores, ao registarem um aumento de 35% no investimento feito,
para mais de 273 mil contratos. Foi a maior subida desde Julho de
2010. A sustentar este optimismo está ainda, salientam os
especialistas, o facto de "a situação económica na Europa não se ter
agravado e a dos EUA estar a melhorar, pelo que, em geral, as
'commodities' só tendem a subir", concluiu John Stephenson, da First
Asset Management em declarações à Bloomberg.
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