domingo, 30 de setembro de 2012

Greve nos portos põe em risco abastecimento de alimentos, alerta indústria

Transportes

28.09.2012 - 16:36 Por Ana Rute Silva
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Porto de Lisboa parado devido à greve
(Nuno Ferreira Santos)
A Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares pede
intervenção urgente do Governo e teme falta de produtos nas
prateleiras. CIP diz que paralisações são "acto de
irresponsabilidade".

A promessa de greve prolongada nos portos nacionais, paralisados há
duas semanas, põe em risco o abastecimento de matérias-primas da
indústria agro-alimentar e, por isso, a colocação no mercado de bens
alimentares. O alerta foi feito esta sexta-feira pela Federação das
Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), que apela ao "bom
senso dos trabalhadores portuários a bem do interesse nacional".

Desde 17 de Setembro que estivadores, pilotos de barra e trabalhadores
de administrações portuárias têm feito greves consecutivas em protesto
contra o plano do Governo para reduzir as despesas portuárias entre 25
a 30% e, assim, fomentar as exportações. Para atingir estes objectivos
serão precisos novos contratos laborais, mais operadores, redução de
taxas e novos modelos de gestão. Contudo, os sindicatos acreditam que,
na prática, isto implica uma redução para metade dos actuais postos de
trabalho.

Em comunicado a FIPA apela à intervenção urgente do Governo "pois a
ameaça de paralisação prolongada dos Portos nacionais deixa antever um
impacto dramático nas exportações e, mais grave ainda, coloca em causa
o abastecimento de matérias-primas".

Há sectores da indústria em que a matéria-prima chega a Portugal
exclusivamente por via marítima e o negócio "não se compadece com
quebras de ritmo de descargas constantes". Qualquer cenário que
coloque em causa o abastecimento "irá provocar paragens de produção e,
consequentemente, a impossibilidade de fornecimento de matérias-primas
necessárias para a produção de alimentos", sublinha. A FIPA diz mesmo
que a situação "já é muito gravosa". "O dia-a-dia de muitas empresas
passa-se a tentar encontrar contentores disponíveis, a reagendar as
cargas ou, pura e simplesmente, a calcular os custos da perda de
vendas", diz.

Fruta em contentores por embarcar

A Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e
Hortícolas (FNOP) também está preocupada com os impactos da greve. No
Porto de Lisboa há contentores de pêra rocha à espera de embarcarem
para, nomeadamente, o Brasil. "Neste momento, o Porto de Sines começou
a trabalhar e vamos tentar embarcar por Sines em vez de Lisboa", disse
ao PÚBLICO Domingos dos Santos, presidente da FNOP.

A fruta terá ser toda revista para que não se exporte produto
danificado. "Se no Brasil não aparecer pêra portuguesa, os clientes
vão começar a procurar outras alternativas. É um prejuízo para os
produtores e para o país", lamenta.

Para a CIP esta paralisação é "um acto de irresponsabilidade" e um "e
retrocesso significativo nas escolhas dos sindicatos sobre as formas
de contestação a qualquer medida que considerem que diminui ou ameaça
os seus interesses".

Tendo em contas as consequências "muito negativas" da greve nos
portos, a CIP considera que o Governo "não deve excluir a hipótese de
recurso aos instrumentos legais que tem à sua disposição" para travar
a mobilização dos trabalhadores.

Hoje os portos nacionais estão parados e os sindicatos garantem que a
adesão é de 99%. "Na prática significa que não entram nem saem navios
dos portos do Continente, Madeira e Sines", explicou à Lusa Fernando
Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Administrações
Portuárias. As greves só vão terminar quando houver "solução, ou seja
quando o Governo se sentar à mesa para negociar", afirma à agência.

Já João Carvalho, presidente do Instituto Portuário e do Transporte
Marítimo (ITPM), aponta o dedo à greve. "Acima de tudo há um impacto
económico, especialmente no Porto de Lisboa, mas mais do que isso é a
imagem que sai deteriorada com isto", disse à Lusa. Não é "normal duas
semanas de greve", acrescentou.

Notícia actualizada às 18h35. Inclui posição da CIP.

http://economia.publico.pt/Noticia/greves-nos-portos-poem-em-risco-abastecimento-de-alimentos-alerta-industria-1565010

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