sábado, 6 de outubro de 2012

Má gestão, crise e negligência "queimam" florestas mediterrânicas - WWF

A organização internacional WWF alertou hoje para a má gestão
florestal, que se junta à crise económica e à negligência, para
ameaçar as florestas mediterrânicas com incêndios, e aponta o exemplo
de Tavira, com várias espécies ameaçadas.

Em comunicado, a organização de conservação da natureza apela aos
governos mediterrânicos para concretizarem medidas de conservação das
florestas, com aposta na prevenção de fogos, na gestão florestal
sustentável, "mais eficiente do que o financiamento de gigantescos
mecanismos de combate a incêndios", e na sensibilização da população.

A WWF refere que mais de 300 mil hectares de florestas e terrenos
agrícolas, com elevado valor económico e ambiental, em Portugal,
Itália, Grécia, Espanha e Turquia, foram "severamente atingidos por
incontroláveis" incêndios florestais.

"Grandes áreas de importantes ecossistemas e valiosos terrenos
produtivos, como os parques nacionais de Garajonay nas Ilhas Canárias
e de Cabañeros no Centro de Espanha, importantes áreas rurais como as
terras de goma de aroeira (Pistacia lentiscus var chia), na ilha de
Chios, Grécia, ou o Sítio Natura Serra do Caldeirão, no Sul de
Portugal, foram gravemente afetados pelos fogos", lista a WWF.

Citando o Relatório de Avaliação dos Impactes sobre Espaços Florestais
Decorrentes do Incêndio Florestal de Catraia (Tavira), refere que o
incêndio na Serra do Caldeirão atingiu uma área de 24.843 hectares,
cerca de 17% da sua superfície total, dos quais 8.090 hectares
pertencem à Zona de Proteção Especial (ZPE) e Sítio de Importância
Comunitária (SIC) do Caldeirão.

Este incêndio afetou áreas com espécies ameaçadas como a
águia-de-Bonelli, a águia-cobreira e o bufo-real e ainda habitats com
condições adequadas ao lince-Ibérico.

A WWF refere ainda que este incêndio afetou também cerca de 25 mil
hectares onde ocorrem espécies endémicas (só existem nesta região) da
Península Ibérica, como o tritão-de-ventre-laranja, a rã de focinho
pontiagudo, o sapo-parteiro-Ibérico e a cobra-de-pernas-pentadáctila.

Este fogo, que atingiu também 33 zonas de caça, ocorreu a poucos
quilómetros do limite superior dos aquíferos de São Brás de Alportel,
Peral-Moncarapacho e Malhão, podendo afetar áreas importantes para a
recarga destas massas de água subterrâneas, salienta.

Segundo o relatório citado, o custo da recuperação da área ardida no
Algarve será superior a 3,7 milhões de euros, em intervenções com
vista a reduzir os efeitos da erosão ao nível das linhas de água,
encostas e infra-estruturas.

"Apesar da natureza inflamável da floresta Mediterrânica, as
alterações climáticas, a negligência humana e, sobretudo, a falta de
uma adequada gestão florestal que atue ao nível da prevenção dos
incêndios, formam uma combinação letal que ameaça as florestas e meios
de subsistência das populações", concluiu a WWF.

http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=130895

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