segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Gestão "errada" da água põe energia e agricultura em risco

A associação ambientalista Quercus criticou, domingo, as "apostas
erradas" do Governo na gestão da água, alertando para o risco de
algumas medidas porem em causa a produção de energia e o futuro da
agricultura.


foto RUI FERREIRA/ARQUIVO


No Dia Nacional da Água, que se celebra hoje, os ambientalistas acusam
os governantes de manter medidas sem ter em conta as alterações
climáticas.

Em causa está a continuidade do Programa Nacional de Barragens (PNB) e
a aposta na expansão do regadio, numa atura em que as previsões da
União Europeia apontam para períodos cada vez mais frequentes de seca
prolongada no país.

O PNB e a expansão do regadio terão "impactes ambientais e económicos
muito significativos", além de constituírem "uma aposta errada" face
aos cenários ambientais previstos.

"Portugal não pode ficar dependente de estratégias baseadas em
disponibilidades hídricas que, pura e simplesmente, podem não vir a
existir num futuro já muito próximo e é necessário diversificar as
fontes de produção, quer ao nível energético, quer ao nível
alimentar", defende a Quercus, em comunicado enviado para a Agência
Lusa.

Por isso, a associação entende que a energia hidroelétrica e a
produção agrícola baseada nos sistemas de regadio muito intensivos
"não podem constituir a única solução a implementar de momento".

Outro dos problemas detetados prende-se com a rede de monitorização da
qualidade da água que está "bastante desfalcada". Resultado: há
"grandes falhas nas medições e registos" e "imensos casos de estações
desativadas".

Os ambientalistas chamam ainda a atenção para o "enorme atraso" na
definição "adequada e justa" de preços para as diferentes utilizações
da água e para o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água
(PNUEA) que "continua ser ser aplicado".

O PNUEA foi aprovado há seis anos como instrumento de gestão da água e
a Quercus acredita que a aplicação de medidas definidas no programa
poderiam levar a uma redução drástica da procura efetiva de água.

Os ambientalistas consideram que a atualização do PNUEA apresentado
este verão "carece de alguma ambição", já que definiu como meta uma
redução de água de apenas 5% até 2020 na agricultura, o setor que
consome 80% dos consumos totais de água do país.

Outro dos problemas é o facto de ainda só terem sido aprovados três
Planos de Gestão de Região Hidrográfica: "Os únicos planos aprovados
são os respeitantes ao Sado/Mira, Guadiana e Algarve, faltando rios
muito importantes como o Tejo e o Douro. A execução destes planos
deveria decorrer de orientações do Plano Nacional da Água (PNA) cujo
atraso ainda é maior", lê-se no documento.

O PNA - instrumento de gestão estratégica das águas, que estabelece as
grandes opções de política nacional - deveria ter sido concluído há
dois anos e a Quercus teme que, em tempos de crise, os objetivos do
plano possam "não vir a ser conseguidos".

A Quercus conclui por isso que, nesta matéria, a política nacional é
feita de "atrasos, falta de acção e políticas avulsas".

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2801724&page=-1

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