quarta-feira, 24 de outubro de 2012

2008 é ano Pêra-Manca

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João Paulo Martins

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ontém às 19:21Assim decidiram na Fundação Eugénio de Almeida, após
quatro anos de espera. Os muitos apreciadores aplaudem a decisão e
(provavelmente) prefeririam não estar em crise para lhe poderem chegar
mais facilmente. No "forno" ficou o 2010, à espera de futura sentença.

Acaba de ser apresentado na adega da Cartuxa a nova edição do mais
emblemático tinto da Fundação Eugénio de Almeida (FEA), o Pêra-Manca
tinto de 2008. Ao contrário do branco que tem edição anual, o tinto só
sai para o mercado quando se considera que tem o padrão de excelência
que agrada à equipa técnica da Fundação. O momento foi aproveitado
para a apresentação de outros novos vinhos da casa: os dois Scala
Coeli, branco e tinto, e o Cartuxa tinto Reserva.
A marca Pêra-Manca é muito antiga mas, em boa verdade, a história
moderna deste vinho começa em 1990, quatro anos após ter surgido no
mercado o primeiro vinho da FEA, o Cartuxa. E logo na primeira edição
o Pêra-Manca surgiu em branco e tinto. A escolha do vinhedo recaiu em
três parcelas, duas de Aragonês e uma de Trincadeira e deste então tem
sido sempre esta a origem das uvas, apenas variando a percentagem de
cada uma das castas. Até por isto mesmo o Pêra-Manca acaba por ser um
bom representante do clássico tinto alentejano, já que estas duas
variedades são as que melhor se encaixam no conceito de "tradicional
alentejano". Nesta edição de 2008, a Trincadeira entra em 52% do lote.
A fermentação decorre em balseiros de madeira e depois o vinho passa
por um estágio em tonel, não já os clássicos tonéis antigos de
madeiras exóticas brasileiras existentes na adega, mas grandes tonéis
de fabrico recente que, diz-nos Pedro Baptista, enólogo, "esperamos
que façam à volta de 12 vindimas". Após 18 meses de estágio seguem-se
mais 24 meses (ou um pouco mais) de estágio em garrafa nas caves do
convento da Cartuxa que reúne muito boas condições de temperatura. A
decisão sobre se o vinho é ou não Pêra-Manca é tomada na altura do
engarrafamento e é por isso que Pedro Baptista já está a pensar no
2010, provavelmente o próximo a sair para o mercado. Tal como o
anterior (2007) desta nova edição fizeram-se 31.000 garrafas. "É
difícil sair desta média porque as parcelas não dão mais, a produção
ronda quase sempre os 40 hl/hectare", afirmou.
O vinho mostra-se fechado no aroma, denso, frutos pretos bem maduros,
notas de chá preto, tabaco, tudo com extrema finura. Muito texturado,
concentrado e rico, acidez perfeita, final longo, elegante e com muita
complexidade. Um belo vinho, sem dúvida.

De 1982 para cá
As primeiras vinhas plantadas e ainda activas datam de 1982. À data
existia uma velha vinha ainda plantada pelo Conde Vilalva mas foi
arrancada em 2000, produzia pouco e mal, dizem-nos. A segunda grande
plantação foi em 1998 e de então para cá têm-se feito replantações,
num programa anual sistemático. É também nessas novas plantações que a
FEA se tem aventurado por castas nunca antes plantadas e que, em
alguns casos, podemos encontrar nos vinhos Scala Coeli brancos (onde
já encontrámos o Viognier, o Alvarinho e agora o Sauvignon Blanc),
estando outras à espera de vez, como o Encruzado, Viosinho, Petit
Manseng (do Jurançon e Languedoc), Vermentino (da Sardenha e Liguria)
e Semillon (Bordéus). É de resto a ideia que presidiu à colecção Scala
Coeli, apresentar castas pouco habituais no Alentejo. Nos tintos este
ano repete-se o Syrah, (o vinho de 2010 foi já provado na Revista de
Vinhos de Outubro, tendo obtido 17 pontos), uma variedade que "nunca
produz mal, é sempre Bom ou Muito Bom", diz Pedro Baptista. Mas poderá
ainda aparecer Petit Verdot ou Alfrocheiro, por exemplo.
Além do ícone Pêra-Manca, a grande bandeira da FEA é a marca Cartuxa,
que tem versões em branco, tinto e tinto Reserva. Em 1987 fez-se
aquilo a poderemos chamar o "primeiro Pêra-Manca avant la lettre", um
Cartuxa Garrafeira que acabou por se produzir apenas uma vez, porque
entretanto a marca Pêra-Manca foi oferecida à FEA e passou a ser usada
para o topo de gama. Foi a "morte" do Garrafeira, nunca desde então
reeditado.
Hoje a marca Cartuxa representa, em tinto, 440.000 garrafas na versão
normal e 75.000 no Reserva, com os EUA, Brasil e Angola a serem os
principais mercados. O Reserva agora provado resulta de um lote de
Alicante Bouschet (que representa um pouco mais de 50%) e Aragonês
mas, noutras edições, já incorporou Trincadeira e Alfrocheiro. Desde
2005 tem sido editado anualmente.

http://www.revistadevinhos.iol.pt/noticias/2008_e_ano_pera-manca_13439

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