quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Na maratona do desempenho ambiental, Portugal vai no pelotão da frente

Por Pedro Rainho, publicado em 24 Out 2012 - 03:10 | Actualizado há 1
dia 17 horas
Entre 132 países, fechámos a contagem do primeiro terço. Mas segundo
um estudo da universidade de Yale, as hipóteses de progressão para
Portugal são boas

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Portugal surge no 41.o lugar de uma lista de 132 países avaliados pela
Universidade de Yale para integrar o ranking dos melhores desempenhos
ao nível do ambiente. O Índice de Performance Ambiental foi lançado
este mês e mede 22 parâmetros, agrupados em dez categorias (como a
saúde ambiental, a poluição atmosférica, as florestas, a agricultura
ou as alterações climáticas), e no topo da lista surge a Suíça, com
uma pontuação de quase 77 pontos em 100 possíveis, graças ao
"desempenho no controlo da poluição". Para os perto de 58 pontos
conseguidos por Portugal contribuem, pela positiva, uma boa qualidade
global do ar, uma rede eficaz de saneamento básico e a forte cobertura
florestal no território do país. No outro braço da balança estão,
quase em contraciclo, a falta de desenvolvimento de novas gerações de
árvores, as perdas de parcelas de florestas existentes e o grande
desperdício de água.

"Vinte anos após o marco que foi a Cimeira do Rio [Rio de Janeiro,
1992], os governos ainda se esforçam por mostrar uma performance
ambiental melhorada, através de medidores quantitativos, num panorama
que abarca do controlo de poluição à gestão de recursos naturais",
refere o relatório de quase 100 páginas, coordenado pelo professor
John Wallace Emerson. Sem esquecer o clima de depressão económica que
atravessa grande parte do mundo ocidental, os autores do índice
referem que existe uma "crescente pressão para mostrar resultados
tangíveis dos seus investimentos ambientais".

Percorrendo a tabela dos 132 países analisados – e ao verificar a
discrepância de resultados entre o grupo de países de- senvolvidos (no
topo do ranking) e os países em vias de desenvolvimento (que asseguram
as últimas posições da lista) – os investigadores do Centro para a
Política e Lei Ambiental de Yale e do Centro para a Rede Internacional
de Informação para a Ciência da Terra da Universidade de Columbia
referem que as questões do ambiente têm evoluído a diferentes ritmos.

Para os países que compõem o primeiro grupo (na tabela apresentada em
baixo estão os dez melhores classificados), "algumas das questões
surgem do impacto sobre os recursos e da poluição, resultado dos
processos de industrialização", refere o relatório que suporta o
índice. Os principais sinais dessa industrialização passam pela
degradação da qualidade do ar e pela subida dos níveis de
desperdícios. No segundo grupo – em que constam nomes como o Iraque, o
Turquemenistão, o Usbequistão, a África do Sul e o Cazaquistão – "os
desafios estão muitas vezes associados à pobreza e ao subinvestimento
em estruturas ambientais básicas", como o acesso a água potável e a
saneamento básico.

O ESTADO DA NAÇÃO Para construir o índice contribuíram sobretudo as
questões relacionadas com a "vitalidade do ecossistema", que na soma
final de todos os factores em análise tiveram um peso de 70% na
classificação final. É precisamente nesse campo que Portugal perde
caminho para a concorrência, com um desempenho que põe o país quase no
final do primeiro terço da tabela, para ficar ao mesmo nível que
países como a Nova Zelândia, a Bélgica, Espanha, os Estados Unidos da
América ou a Grécia. Ainda assim, está entre os que garantem a
avaliação de "forte desempenho" dos investigadores, apesar de ter
caído seis pontos desde a última, em 2010.

Mas há campos em que Portugal dá cartas no panorama internacional. À
cabeça surge a avaliação positiva à rede de saneamento básico, o
tópico com a melhor classificação do conjunto. Ao mesmo nível de
desempenho estão ainda a protecção aos habitats naturais sob ameaça,
as emissões de dióxido de carbono por habitante e a cobertura
florestal, nos quais o país lidera o ranking mundial dos países
avaliados.

EVOLUÇÃO DA ÚLTIMA DÉCADA Numa outra tabela, os autores do estudo
traçam a evolução dos países nos últimos dez anos. E ainda que nesse
campo continuem a verificar-se dificuldades de controlo sobre as
alterações climáticas, continuando "as emissões de gases a subir
globalmente, com poucos países a conseguir manter- -se numa
trajectória de emissões sustentáveis", Portugal consegue subir para a
24.a posição.

Ainda assim, numa nota às classificações finais, os investigadores
fazem referência à "significativa falta de dados ambientais e de
monitorização" com que se depararam na realização do estudo, que
passam pela "exposição a tóxicos químicos, pela gestão de resíduos
tóxicos e municipais e reciclagem", entre outros.

http://www.ionline.pt/portugal/na-maratona-desempenho-ambiental-portugal-vai-no-pelotao-da-frente

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