domingo, 21 de outubro de 2012

Ministra da Agricultura elogia o pólo "Portugal Foods", a ViniPortugal e a FIPA

Estratégia para a internacionalização do setor agroalimentar concluída
em outubro

O setor agroalimentar vai dispor de uma estratégia para a
internacionalização, voltada essencialmente para a vertente exportação
e abrangendo todos os subsetores, incluindo os vinhos.
Em entrevista à "Vida Económica", a ministra da Agricultura, do Mar,
do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT) elogia o "mérito"
do Pólo 'Portugal Foods, que coordenou todo o trabalho, e frisa que o
documento não visa "definir o que deve ser exportado ou o que é que as
empresas devem fazer". O objetivo, revela Assunção Cristas, é "apontar
metas ambiciosas e ajudar a descortinar mercados".


Vida Económica" - O Pólo 'Portugal Foods' entregou à senhora ministra
um projeto de estratégia para a internacionalização do setor
agroalimentar. Como surge este projeto?
Assunção Cristas - O MAMAOT lançou ao setor agroalimentar, em janeiro
de 2012, o desafio de apresentar um documento que traduzisse a aquilo
que as empresas desejariam que fosse a estratégia de
internacionalização do setor. A 'Portugal Foods' assumiu o desafio e
coordenou, com todo o mérito, um trabalho que envolveu diversas
empresas e associações empresariais, de acordo com uma metodologia
pré-definida entre si. Entregou um documento ao meu gabinete no final
de junho de 2012, no qual vêm espelhados alguns elementos para uma
estratégia de internacionalização do agroalimentar, essencialmente na
sua vertente de exportação.

VE - Ao que julgo saber, foi dada oportunidade a vários
parceiros/entidades do setor para apresentarem propostas de melhoria
do documento. É assim?
AC - Após análise do documento, entendemos, de acordo, aliás, com a
'Portugal Foods', que este deveria ser circulado entre o maior número
de entidades possível, por forma a receber os contributos e críticas
que o tornassem mais completo. Circulou, então, por cerca de 30
entidades empresariais ligadas à produção agrícola e alimentar. Foi
pedido que os contributos fossem dados até ao final da primeira semana
de setembro, para que a informação pudesse ser posteriormente
trabalhada, analisada e incorporada naqueles que venham a ser os eixos
de internacionalização do agroalimentar a perfilhar pelo MAMAOT e pelo
Governo português. Das entidades a quem foram solicitados contributos,
11 deram resposta e com graus muito variados de profundidade.

VE - E que tipo de contributos foi possível reunir?
AC - Dada a extensão e complexidade do documento base que foi
distribuído, não é possível responder a esta questão de forma tão
direta como gostaria. No entanto, houve alguns contributos que se
ficaram pela correção de alguma da informação de base relativa a cada
subsetor (exportações, mercados, etc), outros ainda centraram-se
essencialmente nas questões da governança do modelo a implementar, um
aspeto que, apesar de ter sido abordado pela 'Portugal Foods' no seu
documento, não é aquele que neste momento mais nos preocupa.
Finalmente, há dois contributos que é justo aqui referir, pela
profundidade e abrangência do seu conteúdo. Um foi o da Viniportugal,
que apresentou um contributo muito completo em relação ao setor do
vinho, setor esse que, por opção, não estava abordado no documento
inicial da 'Portugal Foods'. Outro foi o da FIPA (Federação das
Indústrias Portuguesas Agroalimentares), extraordinariamente completo
e analítico, demonstrando uma genuína vontade e preocupação com o
assunto (atributos que lhe são característicos), e que em muito irá
enriquecer o documento final.

VE - Quando deverá ser apresentada publicamente essa estratégia?
AC - Está em curso um trabalho de análise que levará, assim o espero,
à elaboração de um relatório de síntese. Este trabalho está a ser
conduzido pelo GPP (Gabinete de Planeamento e Políticas do MAMAOT),
que procurará sintetizar e compatibilizar todos os contributos
recebidos, com ênfase evidente no documento da 'Portugal Foods'. Esse
documento deverá estar concluído dentro de duas a três semanas, para
minha análise. A sua divulgação será anunciada oportunamente.

"Atrair investimento estrangeiro para Portugal e apoiar o investimento
português no estrangeiro"

A ministra da Agricultura quer que o país e o setor agroalimentar
percebam "duas coisas". A primeira é que "nem o MAMAOT nem o Governo
definem aquilo que as empresas portuguesas vão ou não vão exportar",
pois "essa escolha cabe, por inteiro, aos empresários".
A segunda é que "a Estratégia para a Internacionalização do
Agroalimentar não vai definir o que é que deve ou não ser exportado,
ou o que é que as empresas devem ou não devem fazer", pois aquilo que
compete ao Governo é apenas "apontar para metas ambiciosas neste
domínio e ajudar a descortinar mercados com determinadas
características". Por exemplo, os que "evidenciem procura para
produtos que nós produzimos e cuja produção podemos incrementar",
explicou Assunção Cristas à "Vida Económica".
De acordo com a ministra, a Estratégia visa ainda "encontrar eixos
que, se forem percorridos, apontem para atingir essas metas,
descortinar ações que lhes dêem consistência e, finalmente, apontar
critérios para alocação dos recursos (financeiros, mas não só) que
tenhamos disposição para apoiar a internacionalização". Além disso,
diz Assunção Cristas, deve dar-se "relevo" às outras componentes da
internacionalização. Por um lado, "atrair investimento estrangeiro
para Portugal, por exemplo, como forma de complementar as necessidades
de financiamento de muitas das empresas". Por outro, "apoiar o
investimento de empresas portuguesas no estrangeiro", que a governante
olha como um "passo mais estruturante da internacionalização".
Explicando que "nada disto é feito de forma isolada", a ministra
frisou à "Vida Económica" que os trabalhos de definição da estratégia
"têm sido sempre partilhados com a AICEP", com quem têm "articulado
todos os passos" e que também é "um assunto em cima da mesa" do
Conselho Estratégico para a Internacionalização da Economia (CEIE).
TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt

http://www.vidaeconomica.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ve.stories/85376

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