domingo, 14 de abril de 2013

Ribeiro Telles defende uma paisagem "coerente, cultural e social" em Portugal

10 Abril 2013, 18:14 por Lusa
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O arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, galardoado com o
Prémio de Arquitectura Paisagista Sir Geoffrey Jellicoe 2013, defendeu
hoje "uma paisagem coerente, cultural e social no território" do país.

Numa entrevista à agência Lusa, na sua residência, em Lisboa, o
arquitecto, de 90 anos, fez um apelo tanto aos arquitectos
paisagistas, que estão a iniciar a profissão, como aos decisores
políticos, no sentido de permitirem a aplicação deste modelo na
paisagem do país.

Para Ribeiro Telles, "é necessário que eles [os arquitectos
paisagistas] existam com ideias, programas e intervenções", e, por
outro lado, defendeu que os decisores políticos lhes devem dar mais
atenção.

"É necessário que sejam ouvidos, compreendidos e que não sejam
considerados como qualquer coisa que venha a mais", defendeu o
arquitecto galardoado este ano com o prémio que representa o "Nobel"
para a área da arquitectura paisagista.

Ribeiro Telles disse ainda estar "muito honrado" com a atribuição do
galardão, da responsabilidade da Federação Internacional dos
Arquitectos Paisagistas (IFLA), e manifestou o desejo de que o prémio
venha a ser um contributo para a resolução de problemas que considera
graves em Portugal.

"Espero que o prémio sirva como referência para a resolução de muitos
problemas que afectam hoje o território, a agricultura, a expansão
urbana, enfim, todos os problemas do uso da terra", defendeu.

Entre os problemas mais graves do país, já com consequências, apontou
a expansão urbana e de culturas como o eucalipto "para áreas
completamente impreparadas".

"Assistimos a uma expansão urbana completamente descontrolada e que,
inclusivamente, não serve para nada, porque muitos espaços urbanos
estão vazios de população", apontou.

São da autoria de Gonçalo Ribeiro Telles, entre outros projectos, o
Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental
e ocidental, na Estrutura Verde Principal de Lisboa.

Após uma carreira com 70 anos, Ribeiro Telles conclui: "Muitas coisas
que defendi e aprendi com outros começam a ser oportunas no nosso
país".

Considerado o "Nobel" da arquitectura paisagista, o galardão foi
anunciado hoje, em Auckland, na Nova Zelândia, no primeiro dia do
congresso da IFLA.

O prémio tem como objectivo "reconhecer um arquitecto paisagista cuja
obra e contribuições ao longo da vida tenham tido um impacto
incomparável e duradouro no bem-estar da sociedade e do ambiente e na
promoção da profissão".


O Prémio IFLA Sir Geoffrey Jellicoe foi criado em 2004 e o primeiro
galardoado, no ano seguinte, foi o arquitecto Peter Walker, dos
Estados Unidos.


Este galardão, que tem paralelo no Prémio Pritzker de arquitectura,
comemora a contribuição extraordinária para a IFLA do arquitecto
paisagista britânico Sir Geoffrey Jellicoe (1900-1996), fundador
daquela federação internacional.


Nascido em Lisboa, a 25 de maio de 1922, Gonçalo Pereira Ribeiro
Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e formou-se em Arquitectura
Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, na capital portuguesa,
onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de
Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da disciplina em Portugal, no
século XX.


Gonçalo Ribeiro Telles também é autor dos jardins da sede da Fundação
Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto (Prémio
Valmor de 1975), e dos projectos do Vale de Alcântara, da Radial de
Benfica, do Vale de Chelas e do Parque Periférico, entre outros.

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/ribeiro_telles_defende_uma_paisagem_coerente_cultural_e_social_em_portugal.html

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