terça-feira, 16 de abril de 2013

Focos de língua azul detectados em Espanha junto à fronteira portuguesa

CARLOS DIAS

16/04/2013 - 19:00

Surto já levou autoridades espanholas a ordenarem a vacinação imediata
de milhares de bovinos e ovinos. Ministério da Agricultura português
desvaloriza.

A autoridades nacionais descartam o risco de propagação da doença a
Portugal PÚBLICO



O Ministério da Agricultura espanhol anunciou que foram detectados
focos de língua azul do vírus serotipo 1 em várias regiões do país,
incluindo o norte da Extremadura e a região de Cáceres, junto à
fronteira portuguesa com o Alentejo e Beira Baixa.

A informação, veiculada no passado sábado através de comunicado, levou
as autoridades espanholas a determinarem a rápida vacinação dos
animais em risco de contraírem a doença. Só no norte de Cáceres foram
distribuídas aos produtores de gado, gratuitamente, cerca de 300 mil
vacinas para inocular os ovinos e os bovinos com mais de três meses de
idade.

A vacina é obrigatória "para evitar restrições no comércio de animais
vivos", lê-se no comunicado, que indica ainda que também nas
províncias de Cádiz e Huelva, na Andaluzia, foram detectados focos da
doença.

O Ministério da Agricultura português desvaloriza a situação e refere
apenas que as "relações de grande proximidade" entre as autoridades
sanitárias dos dois países "permitem a monitorização de qualquer
situação de âmbito sanitário que possa ocorrer, antes mesmo da
notificação oficial". Por outro lado, frisa, as medidas profilácticas
que ali estão a ser tomadas "não carecem de notificação aos outros
Estados-Membros".

Em anos anteriores, o surgimento de focos de língua azul do vírus
serotipo 1 e 4 (dos 24 serotipos distintos que se conhecem) nas
regiões fronteiriças espanholas acabou por se alastrar ao Alentejo.

Em Portugal, a doença tem sido combatida e neste momento está
controlada. Contudo, uma circular da Direcção-Geral de Veterinária
datada de Maio de 2012 refere que existe "actividade continuada do
vector preferencial do serotipo 1 do vírus da língua azul no
território nacional".

Castro e Brito, presidente da Associação de Criadores de Ovinos do
Sul, disse ao PÚBLICO que não tem "conhecimento do que se está a
passar na Extremadura" nem os serviços do Ministério de Agricultura
enviaram qualquer informação nesse sentido.

Já o presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Beja,
António Bonito, adiantou que já tem informação sobre o surgimento de
novos focos de língua azul em Cáceres, mas diz que se encontram a
cerca de 120 quilómetros da fronteira portuguesa, pelo que "não há
razão para alarmes".

O mesmo responsável avança que não recebeu até ao momento qualquer
"notificação" da tutela, mas garante que "não há" contaminação com o
vírus serotipo 1 da língua azul no norte alentejano, "mesmo nas zonas
mais raianas".

A língua azul, também conhecida por febre catarral, é uma doença não
contagiosa causada por um vírus transmitido por insectos e que afecta
gado doméstico (sobretudo ovelhas) e selvagem, podendo provocar a sua
morte. O seu nome deve-se à coloração roxa escura ou azulada observada
na língua dos animais infectados. Não há registo de infecção em seres
humanos.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/focos-de-lingua-azul-detectados-em-espanha-junto-a-fronteira-portuguesa-1591509

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