Investigador Josep Canadell acredita que é possível obter ganhos
económicos com uma melhor gestão das florestas
2011-07-19
Josep Canadell Executive é director executivo do Global Carbon Project
e investigador do CSIRO (Austrália)
Num artigo recentemente publicado na revista «Science», o investigador
Josep Canadell afirma que as florestas absorvem um terço de dióxido de
carbono (CO2) que se encontra na atmosfera, oriundo da queima de
combustíveis fósseis. "Se amanhã suspendermos a desflorestação, as
florestas existentes e aquelas que estão em estado de reconstituição
vão absorver metade das emissões de combustíveis fósseis", sublinhou
Canadell.
As florestas do planeta absorvem 2,4 mil milhões de toneladas de
carbono por ano. Este estudo é o primeiro a utilizar dados de vários
tipos de florestas: boreais, tropicais e das regiões temperadas.
A desflorestação é responsável pela emissão de 2,9 mil milhões de
toneladas por ano, ou seja, 26 por cento do total das emissões. Apenas
as emissões de combustíveis fósseis atingem mais 8 mil milhões de
toneladas por ano.
Os dados relativos ao período compreendido entre 1990 e 2007 foram
reunidos durante dois anos por uma equipe internacional de
investigadores especialistas no estudo do aquecimento global.
Conseguiram mostrar pela primeira vez que nas regiões tropicais o
volume de carbono emitido devido à desflorestação foi contrabalançado
pelo absorvido pelas florestas primárias intactas, tendo no final um
balanço de carbono quase nulo. As florestas em regeneração, onde a
agricultura foi abandonada também contribuíram significativamente para
a absorção.
Para Canadell há duas conclusões a tirar deste estudo: "As florestas
não são apenas grandes reservatórios de carbono, pois também absorvem
activamente o CO2 produzido pelas actividades humanas, assumindo cada
vez mais a dianteira para uma estratégia de protecção do clima".
Mostra-se igualmente que é "possível obter ganhos económicos com uma
melhor gestão das florestas, aproveitando principalmente benefícios
com a redução da desflorestação".
O investigador sublinha o aspecto financeiro do mercado do carbono e
as compensações previstas no programa «Redd-Plus» (Redução de Emissões
por Desflorestação e Degradação Florestal). Esse mecanismo foi
adoptado na conferência da ONU sobre o clima, em Cancun (México), no
final de 2010. Tem como objectivo estimular os países onde existem
florestas tropicais a administrá-las de forma durável, obtendo
compensações financeiras.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=50136&op=all
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