terça-feira, 15 de abril de 2014

Liga de Protecção da Natureza quer barreiras florestais autóctones para travar fogos

14-04-2014 
 
A criação de barreiras florestais autóctones, com espécies de baixo risco de incêndio, e de um grupo de trabalho para definir o desmantelamento de barragens obsoletas são algumas das medidas da liga de protecção da natureza para o futuro climático de Portugal.
 
Num documento tornado público, a Liga para a Protecção da Natureza (LPN) propõe sete medidas para que Portugal se adapte às alterações climáticas do planeta, porque a sociedade portuguesa «não está preparado para o clima futuro».
 
A divulgação deste documento com sete propostas concretas, intitulado "Preparar Portugal", ocorre no dia em que o Painel Intergovernamental da ONU sobre Alterações Climáticas divulgou um novo relatório de alerta para a subida das temperaturas no planeta.
 
«Portugal não está preparado para o clima futuro e apenas a acção consciente e concertada da sociedade poderá permitir adaptar o sistema económico e energético à nova realidade», alerta a LPN, sublinhando que a mudança implica um «processo social e cultural profundo».
 
Entre as sete medidas apresentadas, a LPN propõe a criação de um grupo de trabalho para definir o desmantelamento de barragens obsoletas, num universo de mais de 300 barragens e mini-hídricas existentes no país e que, segundo a organização, degradam os rios e impedem a chegada dos sedimentos ao litoral.
 
«A título de exemplo, apenas o Rio Douro e os seus afluentes têm mais de 60 barragens ao longo do percurso, o que se traduz em perdas de sedimentos na ordem dos 90 por cento», alerta a organização.
 
A LPN defende também a criação de barreiras florestais autóctones, com espécies de baixo risco de incêndio, com zonas agrícolas e de pastagem, para fazer face ao aumento, estimado pelo painel intergovernamental, de fogos para o sul da Europa.
 
O pacote de medidas inclui ainda a «expansão de uma rede de transportes públicos colectivos economicamente acessíveis a toda a população», porque o uso de meios públicos tem vindo a diminuir, a aplicação efectiva do Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética, aprovado em 2008, e um plano de protecção de cheias, dada a falta de ordenamento do território.
 
A deslocação de populações em zonas costeiras ameaçadas pelo recuo da linha da costa portuguesa e a adaptação das culturas agrícolas, por causa da conservação dos solos, são as restantes medidas propostas.
 
O Painel Intergovernamental da ONU sobre Alterações Climáticas alertou, em Berlim, que só uma «grande mudança institucional e tecnológica» poderá limitar, em dois graus centígrados, a subida das temperaturas no planeta.
 
A comunidade científica defende que é preciso «abandonar a inércia» e reduzir entre 40 a 70 por cento as emissões de gases que provocam o efeito de estufa, tendo como referência dados de 2010.
 
Caso não haja uma inversão de comportamento, a temperatura global poderá subir entre 3,7 e 4,8 graus centígrados até 2100.
 
Fonte: Lusa

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