sábado, 28 de junho de 2014

Autarcas de Melgaço e Monção "incrédulos" com Comissão dos Vinhos Verdes


Os autarcas de Monção e Melgaço manifestaram-se ontem "incrédulos" com a decisão da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) de alargamento da denominação exclusiva do Alvarinho a toda a Região dos Vinhos Verdes.

Em comunicado conjunto, os autarcas socialistas Augusto Domingues, de Monção, e Manoel Batista, de Melgaço, municípios que integram a sub-região dos vinhos verdes, dizem-se "surpreendidos" com a decisão.

A reacção surge na sequência da aprovação, quinta-feira, em reunião da CVRVV realizada em Vale de Cambra, por 16 votos a favor de três contra de uma proposta de alargamento da produção do vinho verde da "Casta Alvarinho" a todos os concelhos que a integram.

"Esta decisão é inqualificável e inexplicável no momento em que a Sub-Região luta arduamente pela definição de uma estratégia de afirmação e de diferenciação, indo inclusivamente contra advertências como a Resolução da Assembleia da República n.º 47/2014, que recomenda ao Governo que mantenha a exclusividade da produção de "Vinho Verde Alvarinho" na sub-região de Monção e Melgaço", sustentam.

Manifestam ainda a esperança de que esta decisão "não passe de um equívoco e que não conte com a chancela do Governo", a quem caberá a decisão final em forma de lei.

Anunciam ainda a realização, no próximo dia 12 de um seminário onde pretendem reafirmar a importância da manutenção da exclusividade da produção de vinho alvarinho característico daqueles dois concelhos do Alto Minho.

O encontro intitulado "Monção e Melgaço, um `terroir` uma marca - Contributos para caracterização e promoção dos seus vinhos" é organizado em parceria com o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), a Associação de Produtores de Alvarinho, a Confraria do Vinho Alvarinho e a Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho (Adriminho).

Segundo números de 2013 da Associação de Produtores Alvarinho, a actividade reúne 60 empresas desta sub-região demarcada centenária (Monção e Melgaço), onde são produzidos quatro milhões de quilogramas daquela uva, anualmente.

A selecção "das melhores" dá origem a mais de 1,5 milhões de garrafas de vinho alvarinho.

A exportação representa 10% do total das vendas anuais do vinho alvarinho, sobretudo para mercados da América do Norte e norte da Europa, além de outros países com forte presença de emigrantes portugueses, como a França.

Trata-se também da casta cuja uva "mais rende ao produtor", com excepção da uva utilizada para o vinho do Porto de mesa, chegando a valer 1,10 euros por cada quilo. É por isso a "matéria-prima mais cara" do país, garantem os produtores.

Fonte:  Lusa

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