domingo, 11 de setembro de 2011

Agricultores exigem “medida de excepção” para retomar actividade nas vinhas

Uma marcha lenta de protesto teve lugar ontem, entre Poceirão e
Palmela, com cerca de 60 agricultores que exigem que o governo crie
uma medida compensatória de excepção para ressarcir os produtores de
uva da região dos prejuízos que tiveram esta época, sendo que, nalguns
casos, a perda foi total.
Vera Gomes

Cerca de 60 agricultores participaram, ontem de manhã, numa marcha de
protesto, entre Poceirão e Palmela, com os seus tractores, camionetas
e tinas vazias para mostrar que "não têm vindimas para fazer", revela
Joaquim Caçoete, presidente da Associação de Agricultores do Distrito
de Setúbal.

O protesto teve como objectivo pedir apoio à autarquia para interceder
perante as entidades competentes, como o Ministério da Agricultura e o
Parlamento Europeu, para criar medidas de apoio urgentes, de forma a
repor a capacidade produtiva perdida.
Em causa estão prejuízos nas vinhas, devido a uma quebra de produção
na ordem dos 80 por cento, fruto de diversos problemas que têm
fustigado, nas últimas épocas, as vinhas da região, desde a queima da
uva, em 2010, "por causa do sol que veio muito cedo e que causou uma
quebra de cerca de 60 por cento"; até às pragas e doenças que
fustigaram as explorações este ano, com maior incidência do míldio.
Esta "calamidade", segundo Joaquim Caçoete, causou, esta época, perdas
de cem por cento nalgumas explorações.
A presidente da Câmara Municipal de Palmela, que recebeu, ontem, os
agricultores, "mostrou-se disponível para interceder junto das
entidades competentes, para concederem apoios compensatórios aos
produtores" revela o responsável, que explica a urgência destas
ajudas. "A época de 2011 está comprometida e é preciso verbas para
retomar a actividade e preparar a próxima época, que começa já em
Outubro, com as podas", refere, concluindo que, se o apoio surgir,
será possível "daqui a um ano, ter uma época em pleno".
Quanto às declarações feitas pela ministra da Agricultura, que
considerava ser necessário um relatório sobre os prejuízos, para
avaliar a situação, o responsável revela que a recente avaliação feita
pela Direcção Regional Agricultura e Pescas Lisboa e Vale do Tejo às
explorações do concelho de Palmela "pode servir de base para a
ministra equacionar as medidas a implementar".
Recorde-se que Assunção Cristas disse que "há um apoio que está em
aberto para os agricultores, uma linha de crédito de 50 milhões de
euros, da qual apenas 6,5 milhões de euros foram gastos, e há uma
parte que pode ser coberta pelos seguros, pelo regime do SIPAC, no que
tem a ver com as chuvas torrenciais" adiantando que "a questão do
míldio é mais difícil, porque não é coberta pelo SIPAC (Sistema
Integrado Contra Aleatoridades Climáticas), mas vamos ver o que pode
ser feito. É preciso esperar pela avaliação final".
Por seu lado, o dirigente associativo alega que a linha de crédito
disponível, com mais de 40 milhões de euros, não é atractiva para os
agricultores, dados os custos de processo e os juros. Assim, Joaquim
Caçoete considera que é necessário criar outra medida de excepção, "a
fundo perdido ou sem juros".
http://www.osetubalense.pt/noticia.asp?idEdicao=&id=23095&idSeccao=5040&Action=noticia

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