10 de setembro de 2011, 11:10
A criação de um banco de terras em Montemor-o-Novo (Évora), para dar
uso a terrenos não cultivados, é o objetivo de um projeto que está a
"nascer" naquele concelho alentejano, vencedor de um concurso de
ideias municipal.
"É uma ideia bastante simples e que imita apenas o que se fez durante
muito tempo. As pessoas que têm terra e não a querem cultivar cedem-na
a outras que não a têm, mas que a querem cultivar", disse à agência
Lusa Ana Fonseca, promotora do projeto.
A iniciativa venceu o concurso "Boa Ideia para a Sustentabilidade",
lançado aos cidadãos por parte da Agenda 21 Local e da Câmara
Municipal de Montemor-o-Novo.
"Surgiram 15 ideias, mas esta foi a vencedora porque apela à produção
agrícola, que consideramos ser a questão fundamental do país, cujo
futuro não passa tanto pelas questões financeiras", frisou à Lusa
Carlos Pinto de Sá, presidente do município.
O projeto, galardoado com cinco mil euros, é subscrito por Ana
Fonseca, mas envolve a Rede de Cidadania, associação de cidadãos
daquele concelho em prol do desenvolvimento sustentável, de cujo grupo
coordenador a promotora faz parte.
"O papel da Rede de Cidadania é o de facilitador desta ideia, como elo
de ligação entre quem tem terra e quem a quer trabalhar, e o de
promover cursos de formação e tratar de aspetos burocráticos", disse
Ana Fonseca.
Com vista à concretização da iniciativa, já foi assinada uma parceria
com a autarquia, para definir as atividades, a divulgação e as ações
de formação do projeto, que vai estar acessível no portal da câmara
municipal.
No início, o banco de terras vai "nascer" em duas freguesias urbanas
do concelho - Nossa Senhora da Vila e Nossa Senhora do Bispo –, mas o
objetivo é alargá-lo a todo o concelho, quando houver "um maior número
de interessados".
"Há aqui muitas pessoas que vieram de Lisboa em busca do mundo rural.
Têm casa na cidade, gostavam de cultivar qualquer coisa, mas não têm
terra e estão interessados e também temos pessoas que querem
disponibilizar terreno", afiançou Ana Fonseca.
Ao mesmo tempo, os promotores querem pôr em contacto "os velhotes que
sempre cultivaram e sabem imenso da terra, mas que já não têm força
para produzir, com voluntários interessados em aprender e que os podem
ajudar nas hortas".
O "arranque" do projeto, a desenvolver ao longo de dois anos, acontece
a partir de agora, com a nova estação agrícola.
Ana Fonseca acredita que vai vingar, até devido ao "atual momento que
Portugal vive, com uma produção de alimentos cada vez menor".
"Temos cada vez menos autonomia alimentar, o que é gravíssimo.
Queremos mostrar que é possível criar um banco de terras, em que as
pessoas podem fazer horta, ter um rebanho ou fazer um pomar. O
importante é pôr as pessoas a produzir", acentuou.
@Lusa
http://noticias.sapo.pt/infolocal/artigo/1184394.html
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