Não, não estamos com os copos: é mesmo possível fazer vindimas em
Lisboa. A única vinha da cidade fica na Tapada da Ajuda e precisa de
voluntários. Inês Lopes Gonçalves chegou-se à frente e só não gostou
de não ter provado o vinho. Joana Freitas fotografou.
A primeira imagem que provavelmente lhe vem à cabeça quando pensa em
vindimas é a de uma pessoa com as calças enroladas nos joelhos ,
imersa num pote gigante a espezinhar uvas. De facto, foi a primeira
coisa em que pensámos também mas, por muito romântica que seja a
imagem, a verdade é que hoje em dia é a tecnologia que se encarrega
dessa tarefa. E se a segunda imagem que lhe vem à cabeça é a de uma
vinha algures no Douro ou no sul de França, saiba que também se fazem
vindimas em plena Lisboa.
A única vinha da cidade fica nos terrenos do Instituto Superior de
Agronomia (ISA), na Calçada da Tapada, na Ajuda, e precisa de ajuda
para apanhar as uvas produzidas nos quase três hectares de vinha que
lá existem. O trabalho é voluntário, mas Ângela Baptista, responsável
pela equipa de viticultura e fruticultura do ISA, garante que é muito
compensador: "É uma oportunidade para fazer uma coisa que muita gente
nunca experimentou, revivendo as actividades do campo em plena cidade,
e quase nos esquecemos que estamos no meio de Lisboa."
Ou seja, o que falta em remuneração sobra em diversão, garante a
coordenadora da iniciativa, que conta ainda que o ambiente que ali se
vive durante os dez dias que dura a vindima "é sempre muito bom,
conhecem-se pessoas novas, e há casos de pessoas que ficaram amigas
depois de aqui terem estado".
Para ajudar na vindima basta ter vontade, não existe qualquer
restrição, e é por isso que entre os participantes se costuma
encontrar de tudo, desde reformados que ali vão matar saudades de
outras uvas a crianças que vão com os pais aprender um pouco mais
sobre a vida do campo. O ISA tem três vinhas: a Almotivo e Castelão,
de uva preta, e a Vinha Nova, de uva branca. No total são 12 castas
(tipos de uva) e são necessárias cerca de 20 pessoas por dia durante
os dez dias de vindima. Mas não se preocupe, porque não precisa de lá
estar durante todo esse tempo. Pode ir apenas uma manhã, uma tarde ou
dois ou três dias, consoante a disponibilidade. Mesmo que seja pouco,
o ISA agradece. Só precisa de levar roupa confortável e pela qual não
tenha grande amor, botas nos pés e um chapéu na cabeça. As uvas são
tiradas com a ajuda de uma espécie de tesoura de podar e colocadas em
potes que são depois recolhidos por um tractor. E como "até ao lavar
dos cestos é vindima", isso significa que o trabalho de cada dia só
fica terminado com esses recipientes todos alinhados junto da adega,
devidamente limpos com a ajuda de uma mangueira.
A Vinha Nova já foi vindimada este ano (as colheitas acontecem sempre
durante os meses de Agosto e Setembro), mas na segunda-feira , dia 19,
deverá já começar a próxima colheita. Tudo vai depender do teor de
açúcar que as uvas apresentarem por estes dias, o que determina se já
podem ou não ser apanhadas.
No final da época das vindimas todos os participantes levam para casa
uvas moscatel (aquelas muito doces) e há sempre um almoço oferecido
pelo Instituto Superior de Agronomia, a chamada Adiafa, o nome que
antigamente se dava à refeição com que eram gratificadas as pessoas
depois de um trabalho.
As próximas vindimas começam no dia 19 de Setembro e acontecem de
segunda a sexta-feira no Instituto Superior de Agronomia, na Tapada da
Ajuda. Para se inscrever como voluntário envie um email para
botanicoajuda@isa.utl.pt com o nome, contacto e dias disponíveis para
ajudar, ou telefone para o 21 362 25 03.
terça-feira, 13 de Setembro de 2011
http://www.timeout.pt/news.asp?id_news=7288
Sem comentários:
Enviar um comentário