sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ambiente perde para Agricultura

Ambiente perde para Agricultura
Ontem
CARLA SOARES
A Quercus, o Partido Ecologista "Os Verdes" e o arquitecto paisagista
Gonçalo Ribeiro Telles alertam para os riscos da subalternização do
Ambiente à Agricultura, perante a criação do novo Ministério que
integra, ainda, o mar, a floresta e o ordenamento do território.
No dia em que arrancou um evento mundial, liderado por Al Gore, antigo
vice-presidente dos EUA, que chama a atenção para a realidade
climática, o JN falou com representantes das causas ambiental e
ecológica.

As posições apontam para uma sociedade civil mais dinâmica, e não para
a criação de um novo partido, e para uma visão global dos problemas.
Além disso, há o receio de que esta espécie de "super-ministério"
possa condenar o Ambiente ao esquecimento.
Gonçalo Ribeiro Telles, antigo secretário de Estado do Ambiente e
ministro da Qualidade de Vida, que criou as zonas protegidas da
Reserva Agrícola Nacional e da Reserva Ecológica Nacional, diz que "só
pode haver um movimento ecologista a sério se houver compreensão total
do que é a nossa paisagem". Para o fundador do Movimento o Partido da
Terra, "não há uma visão global do problema", mas abordagens
"sectoriais". Além disso, pergunta "como é possível" o Governo incluir
"no mesmo ministério Ambiente, Mar, Território e Floresta".
Já o PEV é, na sua opinião, "um partido muito limitado a uma visão
particular. "Não há, de facto, uma política de território, há
políticas sectoriais sobre o território", insistiu, considerando que a
criação de um novo partido não resolveria este défice. A propósito,
nota que "o edificado é tão importante como a parte não edificada".
A seu ver, é fundamental promover um "debate aberto" com "ajuda da
Comunicação Social".
Manuela Cunha, dirigente do PEV, considera que, com a criação de
"super-ministérios, onde coabitam "tantas questões complexas", é
"impossível" tratar "bem" cada área. E, perante as imposições da
"troika" e os cortes levados a cabo pelo Governo, diz que sai a perder
a fiscalização ambiental nas áreas protegidas.
Para o vice-presidente da Quercus, Francisco Ferreira, "é preciso as
organizações não governamentais terem mais dinâmica e participação,
conseguindo envolver as pessoas" que "andam descontentes com os
partidos".
No Governo, "o Ambiente acaba por perder protagonismo" para a
Agricultura, criticou, falando de "uma subalternização às Finanças e à
Economia e, agora, também, à Agricultura", ao "contrário do que
acontece em Espanha", onde o Ministério é do Meio Ambiente, Meio Rural
e Marinho.
http://www.jn.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1997848&dossier=Vamos%20salvar%20o%20planeta&page=-1

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